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27/12/2019 às 11h38min - Atualizada em 27/12/2019 às 11h38min

Renyer: novo "raio" do Santos teve vários agentes antes de assinar contrato com multa de R$ 450 mi

Atacante foi agenciado desde os sete anos por americano que acabou excluído pela família

Fonte: Globoesporte.com
internet

Não foi nada simples a negociação que resultou na assinatura do primeiro contrato profissional do atacante Renyer, de 16 anos, com o Santos.

O acordo foi fechado na última sexta-feira, na Vila Belmiro, depois de cinco meses de indefinição. Renyer firmou vínculo de cinco anos, com multa rescisória de 100 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões), o dobro da multa de Rodrygo, maior venda da história do Santos (para o Real Madrid).

Ao fechar com o Santos, o atacante definiu seu futuro esportivo. Mas não parece ter encerrado as disputas comerciais entre seus familiares, investidores e empresários contratados por eles ao longo dos últimos anos. Desde julho, quando Renyer completou 16 anos e ficou apto a assinar o primeiro vínculo profissional, o Santos teve que lidar com pelo menos três agentes diferentes indicados pela família do jogador. 
Na véspera da assinatura do contrato, a mãe do jogador, Leuzinete de Oliveira Damasceno, disse que não trabalha com mais nenhum empresário ou assessor.

– Agora somos só eu e minha família – ela declarou.

Mas nem sempre foi assim.

 
Renyer assina com o Santos — Foto: Divulgação

Renyer assina com o Santos — Foto: Divulgação

Renyer assina com o Santos — Foto: Divulgação

Renyer assina com o Santos — Foto: Divulgação

Renyer assina com o Santos — Foto: Divulgação

 

Agente americano desde os sete anos

 

Renyer tem um empresário desde os sete anos, quando chamou a atenção de um olheiro americano numa quadra de futsal de Santa Cruz da Serra, distrito de Duque de Caxias distante 40 quilômetros do Centro do Rio de Janeiro.

 Robert "Bob" Zanicky atuava como advogado na área de imigração nos EUA e também mantinha uma academia de futebol no estado da Pensilvânia, trabalho que o levava a viajar regularmente para países da África e ao Brasil.

Numa dessas viagens, em 2010, Bob viu Renyer constranger garotos bem mais velhos graças a sua habilidade com a bola. Com a ajuda de amigos locais, Bob conheceu a família do garoto, com quem chegou a um acordo, pelo qual ele bancaria despesas de alimentação e cuidados médicos de Renyer.

 Três anos depois, aos 10, Renyer chegou ao Santos. Na ocasião, o clube enviou uma carta para a empresa de Zanicky na qual se compromete a "assegurar 25% dos direitos econômicos" do jogador caso um contrato profissional seja assinado no futuro. O documento tem data de 27 de março de 2013. Anos depois, a Fifa proibiu a participação de terceiros sobre os direitos de jogador.

Em 2013, Eudes e Leuzinete, pai de Renyer, assinaram um novo contrato com Zanicky, com duração "até o jogador completar 18 anos". O acordo previa pagamentos mensais para a família. Em troca, a empresa ficaria com 17,5% de tudo que Renyer recebesse como jogador de futebol e mais 17,5% de qualquer outro contrato que o jogador assinasse.

Em 21 de julho de 2018, quando Renyer acabara de completar 15 anos, seus familiares assinaram outro contrato com uma empresa de Robert Zanicky, a quem cederam os direitos de imagem do jogador "por mais 15 anos".

 A Lei Pelé, que regula a atividade esportiva no Brasil, determina que "são nulos [...] os contratos que versem sobre o gerenciamento de carreira de atleta em formação com idade inferior a 18 anos".

Mas o primeiro contrato (o de 2013, em vigor até 2021) prevê que a família de Renyer "renuncia expressamente a todos e quaisquer [direitos] conferidos a eles sob os Regulamentos da Fifa e/ou Legislação Brasileira". O documento foi assinado por Eudes e Leuzinete.

Os dois também assinaram um termo no qual confirmam que receberam "assessoria jurídica independente" antes de fechar o acordo com a empresa americana.

O segundo contrato (o de 2018) também determina que eventuais disputas judiciais serão resolvidas "de acordo com a lei dos Estados Unidos da América do Norte" e [...] na "jurisdição exclusiva dos tribunais da Pensilvânia".

Nos últimos meses, Zanicky foi excluído das negociações sobre o futuro de Reyner. Leuzinete, mãe do jogador, diz que vai devolver ao agente americano todo o valor que ele investiu na formação do garoto. Valor que ela não sabe precisar.

– Ele foi uma pessoa muito boa para mim, de muita confiança. Mas depois eu vi que não daria muito certo. O Renyer teria que trabalhar para ele. Me aconselharam a não continuar com ele – disse Leuzinete.

Ao GloboEsporte.com, Zanicky enviou uma declaração na qual atribuiu a Leandro, irmão de Renyer, a decisão de afastá-lo da família e das negociações que envolvem o jogador.

– Fico feliz por Renyer, porque o que nos propusemos a fazer quando ele tinha sete anos se concretizou. Claro que estou magoado e decepcionado com as circunstâncias. Quero que fique claro que acreditamos em Renyer desde o início, antes que alguém estivesse prestando atenção. Certamente antes de Taveira, Anderson e Machado [agentes] entrarem em acordo. Mesmo antes de Lita [apelido de Leandro] perceber que ele seria capaz de explorar seu irmão.

Zanicky disse ainda que "a família está plenamente consciente de suas obrigações e das consequências legais do não-cumprimento dessas obrigações". Mas não deixou claro que se vai processar a família. "Isso pode ser resolvido posteriormente".

Especialistas em direito desportivo internacional ouvidos pelo GloboEsporte.com opinam que os contratos assinados entre a família do jogador e o empresário americano não são válidos no Brasil, como diz a Lei Pelé. Porém, todos avaliam que há possibilidade de Bob conseguir processá-los nos EUA, já que os contratos seguem a legislação americana.

 
Renyer em ação pelo Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Renyer em ação pelo Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Renyer em ação pelo Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Renyer em ação pelo Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Renyer em ação pelo Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

 

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