Nos minutos em que procura preservar um pouco alguns titulares de sua equipe, Jorge Jesus normalmente comprova que o Flamengo deveria ter a equipe principal em campo durante todo o tempo nas partidas, seja Brasileiro ou Libertadores.
O empate com o Goiás, depois de abrir 2 a 0, deixou ligado mais uma vez o alerta para o risco de abrir mão de algumas peças por certo tempo para preservá-las. Embora a estratégia se mostre correta diante de um time desgastado e um elenco desequilibrado.
Os dois gols sofridos nas costas de Rodinei, com Rafinha no banco, foram exemplos claros. Não só isso. Sem Gerson, que deu lugar a Piris da Motta no primeiro tempo, o ataque não foi alimentado como de costume e o encaixe ofensivo dos últimos jogos se perdeu.
Para piorar, com a lesão de Diego Alves, César não conseguiu aproveitar a chance da melhor forma possível. Após saída do gol destrambelhada, o goleiro foi expulso quando o jogo estava 2 a 1, e com um a menos o Flamengo sucumbiu ao veloz Michael, do Goiás, que já havia criado o lance do primeiro gol.
Os episódios grotescos da partida no Serra Dourada incluem ainda uma discussão áspera entre Willian Arão e Gabigol ao fim da partida. Em seguida, entre Arão e Jorge Jesus, que o enquadrou no campo. O atacante já havia levado amarelo e fiicado suspenso da partida de domingo contra o Corinthians. Prova da vontade de ganhar, mas também certo descontrole.
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Aliás, desta vez o técnico se mostrou impotente na beira do campo desde o início, o que não é comum. O Flamengo até assustou com uma bola na trave em cabeçada de Pablo Marí, mas a atuação foi muito ruim. Os movimentos normalmente coordenados da defesa para o ataque estavam truncados. E Jorge Jesus não conseguiu corrigir o time taticamente. Mérito do Goiás, que atacou e não se intimidou.
A transição de jogo também sofreu com o gramado ruim, é verdade. O resultado foi que os meias habilidosos do Flamengo, Arrascaeta e Everton Ribeiro, sumiram. Consequentemente, Bruno Henrique e Gabigol finalizaram pouco. O primeiro foi até acionado, mas não conseguia se sobressair nem na parte física. Já o camisa nove jogou uma de suas piores partidas.
Não há como dizer que houve certa dose indolência no Flamengo. Nem garantir cansaço após seguidas viagens e jogos, uma vez que há exames e um planejamento para evitar isso. Apenas que o brilho não tem sido tão constante em alguns momentos, o que parece natural nesta altura do ano.
Ou seja, a reta final da temporada se aproxima e os desafios do Flamengo se resumem em por quanto tempo se conseguirá manter aceso o encanto da equipe que goleou o Grêmio por 5 a 0 na quarta-feira passada. Até agora, a ideia é manter o plano e a força máxima sempre que possível. A oscilação é normal em qualquer time. Mas este Flamengo chegou a tal nível no futebol brasileiro que esse dado é esquecido.
O time de Jorge Jesus, que não sabe o que é perder a quase três meses, precisa saber lidar melhor com o desconforto nas partidas em que não está completo. Talvez até adotar um estilo alternativo em certos períodos de algumas partidas. Até poder se impor novamente.
Embora jogue como uma máquina em alguns momentos, os jogadores do Flamengo não são máquinas.