A população do Equador acordou hoje (14) aliviada. Foram 12 dias de manifestações violentas e um saldo de sete mortos, 1.340 feridos e 1.152 presos, de acordo com informações da Defensoria Pública do Equador.
Na noite de ontem (13), após quatro horas de discussão, o presidente Lenín Moreno e representantes dos indígenas conseguiram chegar a um acordo: o Decreto 883, que retirou o subsídio aos combustíveis fica revogado e um novo decreto, concertado conjuntamente com os povos indígenas, será elaborado nos próximos dias. As Nações Unidas e a Conferência Episcopal Equatoriana farão a intermediação.
No Twitter, Lenín Moreno afirmou que o acordo é "uma solução para a paz e para o país: o Governo substituirá o Decreto 883 por um novo que contenha mecanismos para focalizar os recursos em quem mais necesita. Se reestabelece a paz e se freia o golpe correísta e a impunidade".
Lenín Moreno, desde o início das manifestações, atribuíu a violência dos atos a setores ligados ao ex-presidente Rafael Correa, que atualmente mora na Bélgica e é investigado por um suposto financiamento de campanha por parte da construtora brasileira Odebrecht, além de outros delitos. Setores ligados a Maduro também são acusados de financiar os protestos violentos, com episódios de vandalismo que resultaram, inclusive, em um incêndio na sede da Controladoria.
Na semana passada, dezenas de milhares de indígenas se dirigiram a Quito para protestar pacificamente. Eles se mantiveram afastados dos protestos violentos, optando por rotas diferentes para suas passeatas.
Mesmo após consenso sobre novo acordo, os indígenas insistiram que María Paula Romo, ministra de Governo, e Oswaldo Jarrín, ministro da Defesa, devem renunciar. O presidente afirmou que todas as demandas serão ouvidas e levadas em consideração.
Após o anúncio do acordo, centenas de indígenas comemoraram ao lado de fora da Casa da Cultura, aonde estiveram alojados nos últimos dias, e no Parque del Arbolito, em uma zona central da capital equatoriana.
Eles também fizeram um minuto de silêncio pelos mortos nos conflitos e convocaram um mutirão de limpeza em todo o país. A negociação foi transmitida pela televisão e por redes sociais.
O Ministério da Educação emitiu um comunicado, onde afirmava que as aulas seguirão suspensas em todo o território continental equatoriano nos próximos dias. As classes foram interrompidas na última terça-feira, dia 8, após o endurecimento dos protestos.