A Turquia iniciou hoje (9) uma operação militar na Síria. O governo turco alegou como motivação o combate ao que chamou de ameaças contra seu país, especificamente os grupos denominados Unidades de Proteção do Povo (YPG). Esses coletivos curdo-sírios dominam o nordeste da Síria, região de fronteira com a Turquia, e se opõem ao Estado Islâmico no país.
O presidente da Turquia, Recep Erdogan, falou sobre a operação por meio de sua conta na rede social Twitter alegando que ela teria como foco desbaratar ameaças contra o país. “Nossa missão é prevenir a criação de um corredor do terror em nossa fronteira do sul e trazer paz à área”, escreveu.
A agência de notícias oficial turca, Anadolu, informou que aviões adentraram o território Sírio atacando alvos do grupo YPG. Cinco vilas teriam sido atingidas por mísseis disparados pelas aeronaves, de acordo com o site.
Mustafa Bali, porta-voz das Forças Democráticas da Síria (SDF, na sigla em inglês), aliança integrada pelos YPG, afirmou por meio de sua conta no Twitter que há um “grande pânico” entre as pessoas da região e reportou seis mortes. O representante das SDF informou que as tropas da aliança estão repelindo ataques turcos, como os que ocorrem na cidade de Til Abyad.
Os Estados Unidos, até pouco tempo atrás aliados dos grupos curdo-sírios na Síria no combate ao Estado Islâmico (EI), não interferirão no conflito. A posição foi manifestada pelo governo dos EUA por meio de uma nota da Secretaria de Estado, publicada no domingo (6). Além disso, o presidente Donald Trump informou que retirará as tropas da Síria.
Pela nota, a administração do país declarou que a Turquia “agora será responsável pelos lutadores do EI capturados na área nos últimos dois anos no âmbito da derrota do califado pelos Estados Unidos”. Em outro comunicado divulgado hoje, Trump afirmou que a Turquia teria se comprometido a proteger civis e minorias religiosas, incluindo cristãos, e que os EUA cobrariam essa promessa.
Na Europa, a ofensiva recebeu críticas. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claud Juncker, defendeu o fim da ofensiva no Parlamento Europeu. Ele cogitou cortar financiamentos à Turquia como forma de retaliação.
"A Turquia tem problemas de segurança na sua fronteira com a Síria, que devemos entender. No entanto, exorto a Turquia, bem como outros atores, a agirem com contenção. Uma incursão irá agravar o sofrimento dos civis, que já está além do que as palavras possam descrever", apelou Juncker.
O ministro de Assuntos Externos da França, Jean-Yves Le Drian, utilizou sua conta oficial no Twitter para se manifestar contra a iniciativa. “Condeno a operação unilateral lançada pela Turquia na Síria. Põe em questão os esforços humanitários e de segurança da Coalizão contra o Estado Islâmico e corre o risco de comprometer a segurança dos europeus. Ela deve parar”, defendeu.
O Comitê Internacional de Refugiados (IRC, na sigla em inglês) alertou, por meio de sua conta no Twitter, que a operação da Turquia pode resultar em 300 mil pessoas residentes das regiões atacadas desalojadas.
“Nós reforçamos aos líderes globais que tomem todas as medidas necessárias para proteger os civis e considerá-los no coração de qualquer decisão”, destacou a organização.
* com informações da RTP – agência de notícias públicas de Portugal