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23/09/2019 às 09h54min - Atualizada em 23/09/2019 às 09h54min

Em discurso na ONU, Bolsonaro busca reduzir os danos na imagem do Brasil após as queimadas na Amazônia

UOL
Foto: Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) faz amanhã (24) sua estreia na abertura da Assembleia-Geral da ONU com um discurso que tenta reduzir os danos na imagem do Brasil após os embates diplomáticos iniciados em torno dos focos de incêndio na Amazônia.

A fala do presidente na Organização das Nações Unidas deverá mostrar que o país se preocupa com o desenvolvimento sustentável e consegue ser uma potência no agronegócio aliada à preservação do meio ambiente. O objetivo do governo é rebater críticas de que Bolsonaro apoia a destruição da natureza e tentar passar uma imagem positiva do país.

A imagem do Brasil no exterior foi desgastada nas últimas semanas com o avanço de queimadas e desmatamento na Amazônia e por declarações consideradas polêmicas, como a de que reservas indígenas querem inviabilizar o país com a ajuda de ONGs (Organizações Não Governamentais) e o endosso a comentário ofensivo à primeira-dama francesa, Brigitte Macron.

Na Assembleia-geral da ONU, onde é praxe o Brasil fazer o discurso de abertura, o presidente deve citar algumas ações que o governo federal tem promovido para combater as queimadas e dizer que está aberto à ajuda internacional. Bolsonaro deve voltar a defender soberania dos países da região amazônica. O nome do presidente da França, Emmanuel Macron, que aventou a possibilidade de discussão da internacionalização da Amazônia, não deve ser mencionado. Sem brigas, mas não paz e amor Em transmissão ao vivo na quinta (19) pelo Facebook, Bolsonaro classificou o discurso como "objetivo" e disse que "ninguém vai brigar com ninguém lá".

"Sabemos que pode ter algum problema lá. É natural. Mas, vocês vão ter um presidente que vai falar com o coração, com patriotismo e falando em soberania nacional.", continuou Bolsonaro.

O presidente disse "estar na cara que vai ser cobrado" por parte dos países participantes, que o julgam responsável pelos incêndios na Amazônia, mas se defendeu dizendo não incentivar queimadas. Ele voltou a falar que alguns países europeus têm interesse em aumentar a demarcação de reservas indígenas e quilombos para explorar a "riqueza debaixo da terra", além de tentar prejudicar o agronegócio brasileiro em benefício próprio.

O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro "vai esclarecer de uma vez por todas essa questão Brasil versus meio ambiente". 
"O quanto o país defende o meio ambiente e vem fazendo, não de agora, já de há muito, um processo de sustentação ambiental que muitas vezes é desconhecido. Por, efetivamente, desconhecimento da pessoa ou até por não querer divulgar o que o Brasil vem fazendo em termos de proteção", disse. 

Outros temas que devem entrar no discurso são o combate à corrupção e a abertura do mercado brasileiro a investimentos estrangeiros, sem favorecimento causado por alinhamento ideológico.

Nesse ponto, a expectativa é que Bolsonaro faça críticas ao governo ditatorial de Nicolás Maduro na Venezuela e comente esforços do Brasil para melhorar a situação no país vizinho. O presidente já disse também ter analisado os discursos de ex-presidentes brasileiros na ONU e sua participação vai ser diferente, porque antes "se falava, mas não se dizia nada".

Viagem confirmada após exames médicos

A ida dele aos Estados Unidos foi confirmada na sexta (20) e estava condicionada aos resultados dos exames médicos e à avaliação clínica de equipe de São Paulo que voou a Brasília somente para consultá-lo. O presidente passou por cirurgia para correção de uma hérnia no dia 8 de setembro. O problema é decorrente de procedimentos após a facada sofrida durante a campanha eleitoral no ano passado.

A viagem de Bolsonaro e da comitiva que o acompanhará aos EUA está prevista para segunda de manhã (7h). O retorno ao Brasil está previsto para quarta (25), porém, pode ser antecipado para terça (24) à noite. 

Inicialmente, a viagem previa ainda uma ida ao Texas, onde Bolsonaro se encontraria com empresários, mas esse trecho foi cancelado da agenda. Reuniões bilaterais programadas também foram suspensas. 

Na sexta (20), Bolsonaro afirmou que deve participar de jantar com a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A noite do encontro, porém, não foi informada oficialmente pela Presidência.

Bolsonaro aproveita repouso para escrever discurso 

Bolsonaro aproveitou a semana de repouso no Palácio da Alvorada para escrever o discurso junto a ministros e pessoas de confiança. 

Ao longo da semana, Bolsonaro recebeu o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno. 

Os filhos Carlos Bolsonaro, vereador pelo PSC no Rio de Janeiro, e Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo, além do assessor especial para assuntos internacionais, Filipe Martins, também estiveram presentes no palácio.

Eduardo Bolsonaro deverá ser indicado pelo presidente para ser o próximo embaixador do Brasil nos Estados Unidos e usará a viagem para tentar ressaltar a proximidade dele com Trump. 

O filho do presidente esteve com Trump na Casa Branca em agosto, depois de já ter acompanhado Bolsonaro em visita oficial ao americano, em março, em Washington. 

Embora a indicação de Eduardo tenha sido divulgada publicamente, ela ainda precisa ser formalizada para o início do processo de análise do nome no Senado. A avaliação do Planalto é a de que Eduardo não conta ainda com o apoio da maioria necessária na Comissão de Relações Exteriores e no plenário. Para não sofrer uma derrota, sobretudo nas vésperas da viagem à ONU, a indicação está congelada.

Comitiva presidencial 

Veja quem vai para a ONU com Bolsonaro: 

 
  • Michelle Bolsonaro, primeira-dama; 
  • Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo; 
  • Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional; 
  • Nelsinho Trad (PSD-MS), senador e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado; 
  • Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara; 
  • Célio Faria Júnior, assessor especial; 
  • Fábio Wajngarten, secretário de Comunicação; 
  • Carlos França, diplomata e chefe do cerimonial do Planalto; 
  • Filipe Martins, assessor especial; 
  • Ricardo Camarinha, médico da Presidência. 

Além deles, a expectativa é que mais ministros se juntem à comitiva, como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente). A Presidência informou que poderá haver atualizações na lista.
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