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17/06/2019 às 15h28min - Atualizada em 17/06/2019 às 15h28min

Lagoa Manguaba pede socorro

Peixes aparecem mortos e preocupa moradores da região

- Por: Jal Magalhães
Pescadores pegam peixes mortos na Lagoa Mundaú — Foto: Arquivo pessoal/Vitor Auto
 

Na manhã desse domingo (16) milhares de peixes apareceram mortos na Lagoa Manguaba, em Marechal Deodoro, mas ainda não se sabe as causas do ocorrido.

Os pescadores da região suspeitam que a causa é a falta de oxigênio e informaram que os peixes que ainda vivem estão bastante debilitados. 

A Lagoa grita por socorro. Uma cena lamentável, difícil até de assistir pelos vídeos que circulam na internet. Os animais nadam buscando ar, mas se cansam e acabam morrendo. 



Vídeo denúncia enviado via whatsap pelos moradores do local, 



Infelizmente os peixes não servem nem para consumo, pois não se sabe exatamente o que causou a situação, e ainda assim algumas pessoas levam esses peixes mortos para casa e outras levam até para vender. Os consumidores devem ficar atentos por esses dias para que não comprem alimento contaminado.



Muitas pessoas pegaram os peixes para vender — Foto: Andrea Resende/TV Gazeta


O pescador José Carlos, em entrevista ao Bom Dia Alagoas, lamenta ao dizer que não é a primeira vez que isso acontece e pede providência aos órgãos competentes.

O funcionário de um bar na região disse que os animais começaram a aparecer mortos na manhã deste domingo. "Quando chegamos eles já estavam mortos. Tem muita gente entrando na lagoa pra pegar. Aqui está com um cheiro bem ruim", disse Antônio Silva.


ESSE NÃO FOI O PRIMEIRO CASO, ENTENDA:


Em abril desse mesmo ano, ocorreu uma situação muito parecida na lagoaUma equipe do IMA-AL (Instituto do Meio Ambiente) colheu amostras do local para analisar o caso, mas o resultado dos estudos não foi divulgado.

Um estudo feito pelo 
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), divulgado em 06 de maio, apontou que a água estava contaminada, e ainda de acordo com o laudo, foi detectado a presença de coliformes além do permitido, o que indica que tem esgoto sendo despejado na lagoa. 

Além disso, foram encontrados também níveis elevados de moléculas de fósforo, potássio, cálcio, magnésio, ferro e alumínio. A presença dos metais dizem que a água também foi contaminada por agrotóxicos usados em lavouras de cana-de-açúcar.

As amostras da água utilizadas no estudo foram coletadas no mesmo dia. O odor e coloração da água, além de amostras das espécies por tamanho e idade também foram analisadas.


O professor do Ceca, Emerson Soares, falou sobre o que foi descoberto com o levantamento.
 

 

"Os peixes morreram por três situações. Nós tivemos uma pluviometria muito alta nesse período, foi acima de 30 milímetros. Isso fez com que todos esse componentes fossem carreados para aquela região. Com os coliformes fecais fez com esses níveis aumentassem na lagoa, esses níveis aumentando depreciaram o nível de oxigênio. E uma das causas foi a depressão de oxigênio no ambiente. Mas também nós encontramos níveis de metais pesados e também níveis de componentes que podem ser de agrotóxicos que podem ter sido carreados com a quantidade de chuva que foi depositada nesses dois dias", disse o pesquisador.



"Se a coisa não for tratada com seriedade. Tratando os esgotos, tendo cuidado no uso do agrotóxico nas margens da lagoa. Isso pode vir a acontecer com mais frequência. E a gente tem que começar a se preocupar com isso, porque também atinge a qualidade do produto que é pescado lá e que é consumido na região.


*Com informações do G1 Alagoas 

 

 

O DDD82 entrou em contato com o IMA e recebeu a seguinte declaração: 



"IMA vistoria e coleta amostras na Laguna Manguaba. A equipe do órgão ambiental percorreu diversos trechos para identificar as possíveis causas da mortandade de peixes registrada desde o domingo (16)

Amostras de água, sedimentos e animais mortos na laguna Manguaba deverão indicar causas específicas da mortandade registrada desde o domingo (16). A equipe do Instituto do Meio Ambiente (IMA) percorreu diversos trechos na manhã dessa segunda-feira (17) e deve continuar monitorando a situação.

Segundo informações da equipe da Gerência de Laboratório do Instituto foi percorrido o trecho entre a base do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), localizada próximo a Ponte Divado Suruagy – na Ilha de Santa Rita, até o canal maior da Laguna Manguaba, em Marechal Deodoro.

Durante o percurso os técnicos fizeram medições de Oxigênio, Salinidade, Saturação de Oxigênio, Temperatura e Sólidos Totais Dissolvidos. Em quatro pontos mais críticos foram feitas coletas de amostras: no início e no meio do canal, Laguna e rio Sumaúma. Foram coletados água, sedimentos e peixe para análise em laboratório.

Um dos aspectos que chamou a atenção é o nível de Oxigênio Dissolvido (OD) muito baixo em alguns pontos, chegando a oscilar entre 0.2 e 0.3, quando o índice ideal é a partir de 5mg/l. Os primeiros resultados, quanto a aspectos orgânicos da água, estarão prontos nos próximos sete dias, só então será possível indicar as causas do problema.

Segundo Ricardo César, coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, é possível que tenha havido o “revolvimento de matéria orgânica assentada no leito da laguna, principalmente por causa do aumento na quantidade de águas vertidas pelo rio Paraíba em função das fortes chuvas que caíram nos últimos dias, com isso há ainda a liberação do gás sulfídrico originado com a decomposição da matéria orgânica e que causa o mau cheiro. Uma evidência da suposição é a diminuição do OD”.

O trabalho da equipe do IMA contou ainda com o apoio dos agentes do BPA e a participação de representantes da prefeitura de Marechal Deodoro."
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