O governo do
Líbano anunciou que o prefeito da cidade de Nabatiyeh, Ahmad Kahil, é um dos seis mortos durante uma série de bombardeios do Exército de
Israel contra a cidade do sul do país, que atingiu um prédio da administração municipal nesta quarta-feira, enquanto representantes políticos participavam de uma reunião. Pelo menos 43 pessoas ficaram feridas.
"O ataque inimigo israelense (...) em dois prédios, o da prefeitura de Nabatiyeh e o da união de municípios, matou seis pessoas", anunciou o Ministério da Saúde libanês em um comunicado inicial, acrescentando que o número de mortos é um balanço preliminar e que socorristas ainda procuram sobreviventes sob os escombros.
A governadora de Nabatiyeh, Howaida Turk, confirmou que o prefeito da cidade estava entre os mortos, referindo-se ao ataque como "um massacre", que atingiu o prédio municipal enquanto o líder político e sua equipe participavam de uma reunião de gerenciamento de crise. Equipes de resgate afiliadas ao
Hezbollah também disseram à AFP que o prefeito estava entre as várias pessoas mortas no ataque.
A ofensiva provocou reação da cúpula política do país. O primeiro-ministro Najib Mikati condenou os ataques israelenses, acusando as forças do Estado judeu de mirarem intencionalmente a reunião municipal.
— [Condeno] a nova agressão israelense contra civis na cidade de Nabatiyeh, que deliberadamente teve como alvo uma reunião do conselho municipal que estava discutindo os serviços da cidade e a situação de socorro — disse Mikati.
Testemunhas em Nabatiyeh afirmaram que dos 11 bombardeios que atingiram a cidade nesta quarta, nove foram detonados em um espaço de 30 minutos. O relato local é de que as explosões teriam criado "uma espécie de cinturão de fogo" na área. Elas também disseram que os ataques destruíram o prédio da prefeitura e um centro médico próximo, com dois médicos entre os mortos.
Israel, por sua vez, alega que os alvos eram uma rede de infraestrutura do Hezbollah", incluindo prédios militares, quartéis-generais e depósitos de armas. "Caças da IAF, em cooperação com o Comando Norte, atacaram dezenas de alvos terroristas do Hezbollah na área de Nabatiyeh, que o Hezbollah colocou perto de estruturas civis, usando a população civil como escudos humanos", disse o comando militar israelense em nota.
Imagens da AFP mostraram várias colunas de fumaça cinza subindo de Nabatiyeh, após os ataques consecutivos. No sábado, ataques israelenses já haviam arrasado o principal mercado da cidade e feriram oito pessoas, disse o Ministério da Saúde.
A Agência Nacional de Notícias oficial do Líbano disse que os ataques de Nabatiyeh também atingiram uma biblioteca e um shopping center. No sábado, ataques israelenses já haviam destruído o principal mercado da cidade e feriram oito pessoas, disse o Ministério da Saúde.
"A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, também criticou o ataque, que classificou com uma "violação inaceitável do direito internacional", e exigiu "proteção aos civis e às infraestruturas".
Bombardeios em Beirute
Ao sul da capital libanesa, Beirute, outro bombardeio atingiu durante o amanhecer o bairro xiita de Haret Hreik, minutos após o Exército israelense recomendar a saída dos moradores da área. As forças israelenses anunciaram que atingiram um depósito de armas do Hezbollah. Israel alega que seu objetivo com a ofensiva no país é afastar o grupo xiita das regiões fronteiriças e acabar com os lançamentos de foguetes, para garantir que os quase 60 mil israelenses deslocados possam voltar para casa.
Foi o primeiro bombardeio em vários dias na periferia sul de Beirute, onde o Exército concentrou os ataques desde o início de sua campanha no Líbano há quase um mês, antes de bombardear outras zonas do leste e sul do país. Um dia antes, o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, afirmou que é contrário à campanha de bombardeios na capital.
Nesta quarta-feira, o movimento xiita libanês anunciou que lançou um míssil teleguiado contra um tanque israelense na zona de fronteira. O número dois do Hezbollah, Naim Qasem, alertou, um dia ante, que seu grupo executaria ataques em "todo" Israel e insistiu que "a solução" para acabar com a guerra no Líbano é um "cessar-fogo". Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descartou a possibilidade de um cessar-fogo "unilateral" que, segundo ele, não impediria o reagrupamento na fronteira dos combatentes do Hezbollah.
Pelo menos 1.356 pessoas foram mortas no Líbano desde que Israel lançou uma intensa campanha aérea em 23 de setembro, de acordo com uma contagem da AFP de números do Ministério da Saúde libanês, embora o número real seja provavelmente maior. (Com AFP)