O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, foi afastado do poder após ter sido capturado por militares locais. Em transmissão nacional, na noite de 4ª feira (26.jul), o grupo informou que as forças de defesa e segurança decidiram "pôr um fim ao regime atual". As fronteiras do país foram fechadas e um toque de recolher nacional foi instaurado.
"Decidimos pôr fim ao regime que vocês conhecem. situação de segurança e má governação econômica e social. Reafirmando o nosso compromisso de respeitar todos os compromissos assumidos pelo Níger, asseguramos à comunidade nacional e internacional que a integridade física e moral das autoridades será respeitada, de acordo com o princípio da integridade", disse o porta-voz do Exército, Major Amadou Adramane.
Durante a declaração, o major não comentou sobre o estado de Bazoum. Um comunicado emitido pelo gabinete da presidência, no entanto, afirmou que o líder e sua família estavam bem e que continuavam sendo mantidos no palácio presidencial, localizado em Niamey, capital. O acesso ao local foi limitado, com veículos militares bloqueando a entrada.
Com 22,4 milhões de habitantes, o Níger vem enfrentando uma onda de violência jihadista. Desde que se tornou independente da França, em 1960, o país sofreu dezenas de tentativas de golpe de Estado. A última delas bem sucedida ocorreu em fevereiro de 2010, quando o presidente Mamadou Tandja, eleito democraticamente, foi deposto.
Em nota, a União Africana condenou veemente o levante militar, dizendo que o ato era uma traição ao dever democrático. O mesmo foi dito pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que afirmou estar em "estreita consulta" com outros líderes sobre a situação. "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que a democracia seja plantada, nutrida e prospere em nossa região", diz o comunicado.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, também se pronunciou, pedindo a libertação imediata do presidente Bazoum. "Se isso constitui um golpe tecnicamente ou não, não posso dizer, cabe aos advogados dizerem, mas o que claramente constitui é um esforço para tomar o poder pela força e romper a constituição", disse.