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24/12/2022 às 09h23min - Atualizada em 24/12/2022 às 09h23min

Caso Marcelo Leite: "É o primeiro Natal em 31 anos sem o meu filho", diz pai de empresário

O relato é de uma pai que perdeu seu filho a 20 dias de uma das datas mais especiais do ano. Thalles Shilmaney, de 56 anos, é pai de Marcelo Barbosa Leite, de 31 anos, que não resistiu às complicações causadas por um tiro de fuzil, supostamente disparado por um policial militar do 3º Batalhão, em Arapiraca. Marcelo morreu no último dia 05 de dezembro, cinco dias após ter sido transferido para uma unidade hospitalar em São Paulo.

Assim como Marcelo, Thalles Shilmaney, é empresário. Pai e filho dividiam a mesma empresa e planos, que foram interrompidos após Marcelo ficar gravemente ferido naquele dia 14 de novembro.
Em entrevista ao TNH1, o pai de Marcelo relata como ficou sabendo que o filho tinha sido baleado durante uma abordagem policial e ainda descreve como tem sido os últimos dias desde a morte do empresário.

"No dia em que tudo aconteceu, eu estava em casa. A esposa de Marcelo me ligou. Ela estava viajando e disse que tinha policiais procurando por Marcelo na portaria do condomínio onde eles moravam juntos. Fui para o condomínio, e os policiais me pediram para ir até à Delegacia Geral de Arapiraca, pois havia acontecido algo com Marcelo. Ao chegar lá, o delegado plantonista disse que Marcelo tinha sofrido um acidente e estava em uma unidade de emergência", descreveu.

Shilmaney conta que ao chegar na unidade hospitalar onde Marcelo estava internado, imaginava que o filho teria sido vítima de bala perdida ou um assalto. "Cheguei no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), e um amigo do meu filho disse que ele estava na ala de emergência. Outros familiares estavam comigo, e todos nós achávamos que ele tinha sido vítima de bala perdida ou de algum assalto. Não imaginávamos que Marcelo tinha sido vítima de um tiro de fuzil, disparado por um policial, em uma abordagem totalmente desproporcional", disse.
 

Thalles revelou ao TNH1 que, assim como toda família, Marcelo nunca gostou ou teve posse de arma de fogo. "Assim como eu e minha família, Marcelo era totalmente contrário ao uso ou porte de armas. Ele nunca teve uma arma. Então, quando os policiais apresentaram uma arma, que supostamente estaria com Marcelo, é uma versão completamente mentirosa. Desde o primeiro depoimento que prestei eu disse que ele nunca possuiu arma de fogo. Naquela noite, o meu filho estava aguardando a esposa chegar de uma viagem de Brasília, ele pretendia buscá-la no aeroporto. Foi quando ele decidiu dar uma volta de carro, coisa de jovem. E ele infelizmente foi abordado por esses policiais, em um ação desproporcional. Foi um tiro de fuzil", contou.

Sobre o vídeo que mostra o momento em que Marcelo é abordado pela equipe policial e atingido pelo disparo de fuzil, o empresário conta que ainda não conseguiu assistir.

"Antes do meu filho morrer, eu estava empenhado em salvar a vida dele. Eu me preocupava só com ele, e não consegui ver muita coisa sobre as investigações. É muito difícil para mim. Pelo que eu sei, as investigações estão avançadas e o inquérito está quase concluído. Eu não consegui ver o vídeo que mostra ação policial que vitimou Marcelo. Pelo o que me relataram sobre o vídeo, as imagens mostraram que meu filho estaria em baixa velocidade e que teria parado após a abordagem", disse.
 

Sobre a ação policial que vitimou o filho, Thalles Shilmaney diz que a família pede por justiça. Shilmaney ainda ressalta que o caso não pode ser associado à conduta de todos os policiais militares.

"Eu não quis saber quem são os policiais envolvidos na abordagem ao meu filho. Para mim, não interessa os nomes deles. Quero apenas que a justiça seja feita e que os responsáveis sejam punidos. Qualquer pessoa poderia ser Marcelo nesse momento, isso poderia acontecer com qualquer pessoa. Obviamente, essa conduta não pode ser associada à corporação Polícia Militar, sei da importância deles para à sociedade. Porém, ações como essa não podem acontecer. Meu filho era uma pessoa de bem, pacato e que nunca fez nada de mal para as pessoas".




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