Começando com Edwin R. Scott, em meados de 1923, alguns inventores se destacaram por alegarem que desenvolveram uma espécie de “raio mortal”, que seria capaz de matar qualquer um à distância assim como derrubar aviões. R. Scott, de São Francisco, disse que desenvolveu esse "raio" após trabalhar por 9 anos como assistente do matemático alemão Charles P. Steinmetz, responsável por expandir o conceito de corrente alternada desenvolvido por Nikola Tesla, tornando possível a expansão do sistema elétrico de potência dos Estados Unidos.
Um ano depois, Harry Grindell-Matthews, um inventor britânico, tentou vender para o Ministério da Aeronáutica Britânica o que ele intitulava como sendo um "raio mortal". Contudo, ele nunca conseguiu mostrar um protótipo em funcionamento aos militares.
Enquanto isso, já na década de 1930, o famoso Nikola Tesla trabalhava em um seu "raio da morte" chamado de Teleforce, um aparelho que projetaria partículas que poderiam ser grandes ou microscópicas para permitir que fossem transmitidas a uma pequena área em uma longa distância trilhões de vezes mais energia do que seria possível com raios de qualquer tipo. Tesla desacreditava dos supostos "raios da morte" de outros inventores porque defendia que esse tipo de raio não poderia ser reproduzido em quantidades necessárias sem que fosse perdia a intensidade à distância.
Tesla determinou que seu Teleforce conseguiria destruir qualquer coisa mais próxima que 320 km, transformando-se em uma arma potente contra exércitos, aviões e outros meios de ataque – e isso motivou alguns líderes de governos.
O início da década de 1940 foi marcado pela acirrada corrida armamentista dos países para tentar se sobressair durante a Segunda Guerra Mundial, o que resultou em um arsenal de novas armas. Enquanto algumas serviram para acrescentar uma vantagem aos exércitos e mudar o conceito de como guerras eram feitas, outras ultrapassaram o limite da imaginação humana.
Na História, esse tipo de armamento foi chamado de Armas da Nova Era, pois eram idealizadas como tão poderosas que poderiam vencer guerras sozinhas. Algumas delas se tornaram reais e igualmente mortais, como a bomba atômica, porém outras permaneceram no imaginário ambicioso de alguns governos, como aconteceu com o Ku-Go, o "raio mortal" que o Japão tentou desenvolver.
Visando encontrar uma arma que pudesse dar ao Japão uma vantagem sobre os Estados Unidos, o general Isoroku Yamamoto ficou extremamente interessado pelo conceito do "raio da morte" de Tesla, portanto chamou os físicos Yoji Ito, Maso Kotani e Sin-Itiro Tomogonaga, do Instituto de Pesquisa Naval e Tecnologia, para ajudá-lo a construir a tal arma.
Os três chegaram à conclusão de que era impossível criar uma estação que pudesse produzir tanta energia, então recorreram às micro-ondas. Ito decidiu que eles deveriam fazer um magnetron maior e mais poderoso que emitira um feixe de alta potência de ondas de rádio muito curtas que causariam desde problemas psicológicos, fisiológicos e até morte aos soldados inimigos.
O governo japonês investiu 2 milhões de ienes no projeto, aproximadamente US$ 500 milhões em 1940. Sob o controle do General Sueyoshi Kusada, as autoridades construíram um laboratório em Shimada, na província de Shiyuoka, para que a arma fosse desenvolvida. Ela foi batizada de Ku-Go.
O fracasso
Durante 5 anos, os japoneses testaram o "raio mortal" em ratos, coelhos, macacos motores de automóveis e em aviões para tentar calcular sua eficiência. O estudo em animais mostrou que as ondas a uma distância de 2 metros causavam sangramento pulmonar, enquanto as mais próximas, em menos de 1 metro, destruíam células cerebrais. Partindo desse princípio, os cientistas japoneses acreditavam que poderiam obter os mesmos efeitos em seres humanos.
Por outro lado, os experimentos em motores de combustão deram ainda menos certo. As micro-ondas eram fracas demais contra os motores bem protegidos dos aviões e só alcançavam os motores de carros quando esses estavam expostos.
Em 1944, a Japanese Radio Company construiu o primeiro protótipo do Ku-Go, que consistia em um magnetron de 80 cm alimentado por 30 quilowatts, que fornecia energia a uma antena dipolo localizada na parte inferior de um refletor elipsoide de 1 metro de diâmetro. A arma foi posicionada a 30 metros de distância de um coelho, que morreu após ser exposto a 10 minutos de micro-ondas. No entanto, uma marmota levou 20 minutos para cair morta.
No ano seguinte, Ito tinha planos de construir uma nova arma feita de 4 magnetrons e com a potência de 250 a 300 quilowatts, com uma antena dipolo e refletor de 10 metros de diâmetro. Os físicos calcularam que esse Ku-Go aprimorado mataria qualquer um a uma distância de 1 quilômetro, embora o alvo precisasse estar parado. Contudo, a situação na Guerra do Pacífico interrompeu as pesquisas japonesas, e o experimento com "raio mortal" foi encerrado. De qualquer forma, eles foram a nação a chegar mais perto do uso de um "raio mortal".
Em 1935, em meio a Segunda Guerra Mundial, surgiram rumores de que a Alemanha havia desenvolvido o "raio da morte", então Harry Wimperis, o diretor de pesquisa científica do Ministério da Aeronáutica Britânica, perguntou ao inventor Robert Watson-Watt se ele conseguiria fazer o mesmo a partir de sua pesquisa sobre radiação eletromagnética para detectar nuvens.
No entanto, Watson-Watts não demorou para chegar à conclusão de que não conseguiria "cozinhar" um ser humano em menos de 1 minuto a metros de distância, tampouco levar um condutor de energia tão grande para as nuvens. Sendo assim, ele usou um magnetron para enviar radiação de micro-ondas para o céu, que poderiam detectar aviões a vários quilômetros de distância, igual fazia com as nuvens.
O inventor não conseguiu chegar nem perto de criar um "raio mortal" como os japoneses, mas o caminho que fez até lá deu origem ao primeiro radar da História.