O presidente Jair Bolsonaro enviou nesta quarta-feira (14) uma carta ao presidente americano Joe Biden em que se compromete – pela primeira vez – a eliminar o desmatamento ilegal até 2030.
“Queremos reafirmar neste ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”, disse Bolsonaro no documento ao qual a CNN teve acesso.
No próximo dia 22, os Estados Unidos realizam uma Cúpula de Líderes sobre a questão climática – uma das principais bandeiras do democrata Joe Biden e até agora uma fonte de atrito com o presidente brasileiro.
Bolsonaro diz na carta que “tem muita satisfação em participar do evento” e “assegura seu engajamento na busca de compromissos e resultados ambiciosos para a cúpula”.
Ele mantém sua posição de que precisa de ajuda financeira para combater o desmatamento, mas não chega a atribuir um valor específico.
"Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados."
Nas últimas semanas, técnicos do Brasil e dos Estados Unidos vem negociando para que o Brasil faça um gesto concreto sobre o desmatamento da Amazônia na cúpula de Biden. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a se reunir virtualmente duas vezes com o enviado especial dos EUA para o clima, o ex-candidato à Presidência John Kerry.
Segundo duas fontes do setor privado que vem acompanhando de perto o assunto, a meta de eliminar o desmatamento ilegal em 2030 ainda é pouco ambiciosa, pois o Brasil tem instrumentos para fazer isso em dois ou três anos.
As fontes ressaltam, no entanto, que é um ponto de partida para a negociação de uma data e que representa uma mudança importante de tom do governo brasileiro, que alegava a soberania sobre a Amazônia para não agir.
No documento, Bolsonaro chega a dizer quer ouvir “entidades do terceiro setor, indígenas e comunidades tradicionais”, fazendo um aceno as organizações não-governamentais (ONGs), com quem estava em guerra até agora.
As negociações entre Brasil e Estados Unidos têm sido acompanhadas de perto por grandes empresas e bancos brasileiros, que se ressentem do bloqueio de recursos de fundos internacionais por causa do desmatamento.
Fontes a par do assunto dizem que um acordo ambiental é vital para que os americanos sejam generosos com o Brasil em outras áreas, como o fornecimento de vacinas. A partir do fim de maio, os EUA terão doses sobrando de vacina após imunizar toda sua população adulta.
Muitos países estão disputando a boa-vontade dos americanos para receber essas doses. A expectativa é elas cheguem primeiro para México e Canadá, mas depois venham para o Brasil.