Publicada no início deste mês (2), na revista Scientific Reports, uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Bari conseguiu reconstruir o efeito da duração do fluxo piroclástico (mistura de gás quente, lava, cinzas e rochas) sobre os cidadãos da cidade.
Nesse tipo de estudo, geralmente a ênfase é dirigida à pressão dinâmica do fluxo e à temperatura. Porém, a pesquisa atual abordou a duração do fluxo, que trouxe à tona a questão de que a sobrevivência de pessoas mergulhadas nesse tipo de corrente depende diretamente do tempo de exposição.
A histórica erupção do chamado complexo Somma-Vesúvio foi utilizada pelos cientistas para demonstrar o impacto das correntes de densidade piroclástica em seres humanos. A investigação restringiu-se a Pompeia, situada a 23 km do vulcão, pois a outra cidade destruída, Herculano, por ficar ao pé do monte, teve a população instantaneamente dizimada pela alta temperatura e intensidade do fluxo.
Em Pompeia, no entanto, os pesquisadores utilizaram um novo modelo de medição, pois a corrente tinha baixa intensidade e baixa temperatura, o que pode ser comprovado pela inexistência de qualquer tipo de trauma nos cadáveres.
Em tais condições extremas, estima-se que a sobrevivência poderia ter sido possível se a corrente durasse alguns poucos minutos ou menos. Mas não foi o que ocorreu: os cálculos revelaram uma duração de fluxo de 17 minutos, considerado tempo suficiente para tornar altamente letal a respiração das cinzas suspensas na corrente.
A conclusão do estudo, que pode servir para o planejamento de emergência para erupções explosivas, é de que, nas regiões periféricas das correntes de densidade piroclástica, o principal risco à vida é a asfixia por inalação de cinzas, e não a lesão térmica ou mecânica, como se acreditava.