O governo da Bahia anunciou neste sábado (12) um decreto de situação de emergência por causa das manchas de óleo que atingem o Nordeste desde setembro. Segundo o governador em exercício e vice, João Leão, o objetivo é liberar recursos para as cidades afetadas no estado. O documento será assinado na segunda-feira (14).
"O que o estado da Bahia vai fazer agora é fazer um decreto de calamidade pública para ir em todos os municípios que já foram atingidos, mais Salvador e Lauro de Freitas, que foram em pequena escala. E trabalhar. E vamos cuidar disso. Vamos tomar conta. Vamos ter responsabilidade. Chamar os prefeitos, chamar toda a sociedade para participar, para a gente não deixar sequer uma manchinha de óleo nas praias da Bahia", disse João Leão.
A medida foi divulgada durante o primeiro encontro de um grupo criado para combater o problema no estado. O Comando Unificado do Incidente, como foi nomeado, é composto por representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Instituto do Meio-Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Marinha do Brasil, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ministérios Públicos Federal e Estadual, Defesa Civil, coordenadores dos planos de área da Baía de Todos-os-Santos e da Baía de Aratu, além de integrantes das prefeituras dos municípios afetados.
A reunião foi realizada na sede do Ibama, em Salvador. De acordo com o governo, de imediato ficou definido que o Ibama e o Inema irão elaborar um documento de orientação de limpeza de praia, que será disponibilizado para as prefeituras afetadas, incluindo informações importantes para destinação correta dos resíduos coletados.
"A ideia de a gente ter essa sala de comando aqui , de Controle Unificado, unindo todos os agentes do Sisnama, Ministério Público Estadual, Federal, Estado da Bahia, municípios afetados e Ibama, Marinha e UFBA, é pra que a gente possa coordenar todos os esforços nas ações de mitigação desses danos ambientais que estão sendo provocados por essa emergência de causa ainda não identificada”, disse o superintendente do Ibama na Bahia, Rodrigo Alves.
"Além da sala de comando, esse trabalho também será feito com o Comitê Nacional de Crise, que vai ser deslocado para a Marinha, em Salvador. Ele começou no Rio Grande do Norte, há cerca de 30 dias, depois passou para Sergipe, e agora esse comitê vem vem para a Marinha, em Salvador", contou.
Também durante o encontro, o Comando divulgou a informação de que houve uma suspeita de mancha de óleo de 21km quadrados a 100km da costa de Alagoas, que foi descartada após monitoramento aéreo especializado realizado por equipes da Petrobras e por imagens de satélites do Ibama.
Das localidades afetadas, a praia de Guarajuba, em Camaçari, é a que tem o pior estado na região metropolitana de Salvador
Foto: Itana Alencar/G1 BA
“Nós recebemos a informação ontem [sexta-feira (11)], eu estava na reunião quando o professor da UFBA recebeu essa informação. Ele repassou pra gente no mesmo momento. Essa mancha estaria, segundo os estudos deles, 100 Km afastado da costa. A gente precisava de um helicóptero específico da Petrobras, a gente deslocou esse equipamento para lá e não conseguimos visualizar nada. Nossas análises aqui, internamente, também com radar nosso, da Petrobras e da Marinha, também não identificam nada", disse Rodrigo.
"Muito provável, felizmente, se trata de um alarme falso. Mas a gente vai continuar monitorando. O que existe é essa mancha que está perto da costa, que está causando esse transtorno, essa sujeira, e que nós vamos cuidar da limpeza das nossas praias. Mas não há nenhuma evidência de óleo se aproximando da costa brasileira”, completou.
O diretor de Fiscalização do Inema, Marcos Machado, falou sobre a dificuldade em localizar as manchas e explicou como elas se deslocam.
“Nós fomos até Praia do Forte, voltamos, fizemos um giro completo na Baía de Todos-os-Santos, fomos até Morro de São Paulo. A gente conseguiu identificar que não existem evidências, ainda, de que o óleo tenha se aproximado da Baía de Todos-os-Santos ou da Baía de Camamu. O maior volume de óleo está concentrado mais ao norte, em Camaçari. Lauro de Freitas e Salvador começam a receber esse óleo mais estratificado, essas pelotas"
“Não pode ter o contato direto da pele com aquele óleo. Então, as prefeituras é que são responsáveis por essa limpeza. Nós orientamos as prefeituras como orientar a população, que é usar calçado, usar calça, usar luva, e destinar esse óleo que você conseguiu coletar para um lugar apropriado, onde o agente de limpeza pública tenha te orientado. Para evitar que você tire da praia e acabe poluindo outro lugar, espalhando a poluição”.
Manchas de óleo que atingem mar no Nordeste chegam na Bahia — Foto: João Arthur/Tamar
As manchas começaram a chegar no estado em 3 de outubro, quase um mês após o início do problema no país. Mais de 150 praias já foram afetadas pelo óleo em todo o Nordeste. Há registro em todos os nove estados da região. A Bahia foi o último a ser atingido.
O Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartaruga, para preservar os animais que são desovados na Bahia. Segundo o Projeto, os filhotes correm risco de morte se entrarem em contato com a substância.
Na última quinta-feira (10), pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) informaram que o óleo que atinge o litoral do Nordeste foi produzido na Venezuela. Apesar da afirmação dos pesquisadores, o governo de Nicolás Maduro nega que a Venezuela é responsável pelo petróleo que atinge as praias do litoral nordestino.