Em um dos dias mais tensos desde o início dos protestos contra o governo no Equador, manifestantes de grupos indígenas tomaram controle do prédio da Assembleia Nacional, em Quito, horas depois de o presidente Lenín Moreno transferir a sede do governo para a cidade de Guayaquil.
Os manifestantes, cerca de 10 mil pelas contas da Conaie, a maior confederação indígena do país, estavam concentrados em um parque próximo, concentrados para uma marcha prevista para esta quarta-feira (9). Um grupo deles decidiu, então, partir em direção à Assembleia. Apesar do grande número de policiais, eles conseguiram chegar até o plenário, que estava vazio no momento. Eles gritavam palavras contra o presidente Moreno e dizendo" nós somos o povo".
Pouco depois, as bombas de gás começaram a ser lançadas, e o grupo acabou expulso do local. Segundo a Conaie, algumas pessoas ficaram feridas, precisando de cuidados médicos. Mas, segundo testemunhas, os policiais chegaram a jogar bombas dentro do pronto-socorro.
Horas depois da invasão, o presidente Lenín Moreno anunciou que iria restringir o acesso em áreas próximas a prédios do governo, como a própria Assembleia, e instalações consideradas estratégicas. Segundo o decreto, a medida valerá por trinta dias, sendo aplicada de segunda a sexta-feira, impedindo o acesso de pessoas sem autorização nestes locais entre as 20:00 e as 05:00 . As autoridades não afirmaram se os milhares de manifestantes concentrados perto do prédio do Legislativo terão que deixar o local. A ordem já trazia a assinatura do presidente em Guayaquil.
Capital paralisada
Ao redor da capital, o dia também foi de confrontos entre os manifestantes e a polícia, com pedras e bombas de gás em profusão. A cidade está virtualmente paralisada desde quinta-feira, quando começaram os protestos contra as reformas trabalhistas e fiscais promovidas pelo governo, previstas em um acordo com o FMI em troca de um empréstimo de US$ 4,209 bilhões. Uma das medidas elevou os preços dos combustíveis em 123% , ao acabar com subsídios em vigor havia quatro décadas. O objetivo é reduzir o déficit público de cerca de US$ 3,6 bilhões este ano para menos de US$ 1 bilhão em 2020.