Já são 132 locais atingidos por manchas de óleo em praias do Nordeste, segundo o balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgado neste domingo (6).
No total, 61 municípios foram afetados em 9 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O último estado a ser atingido foi a Bahia, na última quinta-feira (3).
O governo de Sergipe decretou situação de emergência em razão das manchas de óleo. Nesta segunda (7), o ministro Ricardo Salles visitará o estado. O projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartarugas marinhas por conta do problema.
No sábado (5), o presidente Jair Bolsonaro determinou uma investigação sobre as origens do óleo.
Segundo o relatório do Ibama, dentre as 132 praias afetadas em todo o Nordeste desde o início de setembro, 11 estão em processo de limpeza, 74 ainda tem manchas visíveis e 48 estão livres da substância na areia.
Pelo menos 12 animais foram atingidos pelo óleo – nove tartarugas e uma ave foram encontradas mortas ou morreram após o resgate.
Manchas de óleo no Nordeste: o que se sabe sobre o problema
Uma investigação do Ibama aponta que as manchas são de petróleo puro e que todas as amostras têm a mesma origem, mas ainda não é possível afirmar de onde ele veio. Em nota, a Petrobras afirma que o material não é produzido pela companhia.
A suspeita é que o petróleo tenha vindo de navios que passam pela região, segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), que está analisando imagens de satélite da costa. A pesquisa, no entanto, ainda está em estágio inicial.
As manchas começaram a aparecer no início de setembro. Até quinta-feira (26), eram 99 localidades atingidas. Na sexta (27), o número subiu para 109. No domingo (29), chegou a 113 e na terça-feira (1) foi para 115. Agora, já são 124 praias afetadas.
A lista completa de municípios e praias atingidos está disponível no site do Ibama.
Origem da substância
Na terça-feira (1) uma reunião foi realizada no Recife com representantes de seis dos nove estados nordestinos para discutir estratégias para diminuir os impactos das manchas de óleo. A Bahia foi o único estado da região que não foi afetado.
Na reunião, os estados decidiram protocolar, em conjunto, uma denúncia sobre o caso, a ser enviada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Nesta quarta-feira (2) a Polícia Federal do Rio Grande do Norte comunicou que um inquérito foi instaurado para investigar a origem das manchas. A apuração sobre a possibilidade da ocorrência de dano ambiental começou no mês passado.
Há suspeita de que a contaminação tenha relação com navios petroleiros. A hipótese é que algum deles tenha efetuado uma limpeza nos tanques e despejado os rejeitos no mar.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, os responsáveis pelo problema podem pagar uma multa que vai de R$ 5 milhões a R$ 50 milhões pelo crime ambiental, que é considerado gravíssimo. O governo do estado se preocupa com a repercussão no turismo.
Em entrevista ao G1 na última sexta (27), o diretor da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco, Eduardo Elvino, disse que o órgão está atuando em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para identificar possíveis fontes do vazamento.
O trabalho envolve analisar imagens de satélite que abrangem 187 quilômetros do litoral dos estados de Pernambuco e Paraíba. Segundo Elvino, ainda não é possível apontar quais navios podem ser responsáveis pela tragédia ambiental porque a análise está em estágio inicial.
"Com essa varredura das imagens de satélite a gente identificou os pontos no mapa que podem ser navios, e aí estamos analisando a existência de pontos pigmentados ao lado desses possíveis navios. Esses pontos coloridos podem ser realmente manchas de óleo, mas também podem ser cardumes de peixe ou concentrações de alga, por exemplo. São várias possibilidades", explica Elvino.
Segundo o coordenador do sindicato dos trabalhadores na indústria do petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), Rogério Almeida, a prática é proibida, mas ainda é realizada.
"É um óleo grosso, quase um piche. Pode ser rejeito de um navio após a limpeza dos tanques. Muitos navios continuam fazendo isso e deve ter caído em uma corrente marítima", disse Almeida.
De acordo com Elvino, com a identificação das correntes marinhas, "existe a possibilidade de identificar o navio que fez a referida rota" e tentar rastrear se "o piche encontrado nas praias faz parte do combustível dos navios". Segundo o analista, pela legislação, o produto deve ser descartado nos portos, onde empresas especializadas recolhem o material.