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18/12/2018 às 11h01min - Atualizada em 18/12/2018 às 11h01min

Blairo: distanciamento do Brasil com China e países árabes pode prejudicar agronegócio

Ministro da Agricultura destacou nesta sexta (14) importância dos dois mercados para balança comercial. Relação com esses países ficou estremecida por conta de declarações de Bolsonaro.

g1.com.br


O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta sexta-feira (14), que um possível distanciamento do Brasil com a China e os países árabes em razão de declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro pode ser prejudicial ao agronegócio brasileiro. Blairo convocou a imprensa na manhã desta sexta para fazer um balanço de sua gestão à frente da pasta, que se encerra em 31 de dezembro.

Assim que foi eleito presidente da República, Bolsonaro criticou o avanço chinês em negócios dentro do Brasil e também disse que pretende transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, iniciativa que é interpretada como uma afronta por parte dos países árabes.

Em meio à entrevista coletiva, o ministro da Agricultura ressaltou que as exportações do agronegócio devem ultrapassar, em 2018, a barreira dos US$ 100 bilhões.

"Será a primeira vez que o agronegócio vai ultrapassar a barreira dos US$ 100 bilhões. Já exportamos US$ 99 bilhões em 2013", enfatizou.

Segundo Blairo, a manutenção dos mercados chinês e árabe é um ponto de atenção para o setor agropecuário. O titular da Agricultura destacou que quase 50% das exportações brasileiras de frango têm como destino os países do Oriente Médio.

“Nós não temos essa questão geopolítica. Não temos essa vontade de ser o líder do mundo. Não temos condições de ser o líder do mundo, então porque vamos fazer enfrentamentos dessa ordem? Em torno de 50% das exportações brasileiras de frango vai para países árabes. Você perder isso, significa problemas para as nossas empresas”, afirmou o ministro durante a coletiva de imprensa ao fazer um balanço da sua gestão.

Blairo Maggi afirmou aos jornalistas que, em conversas recentes com a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, comentou da importância de manter as visitas internacionais e as negociações para abrir novos mercados para os produtos brasileiros.

De acordo com o ministro da Agricultura, o Brasil conseguiu abrir mercado nos últimos dois anos e meio para 78 produtos brasileiros em 30 países.

"Abrir novos mercado e manter os mercados que nós temos. Uma presença permanente na China. Eu fiz seis viagens à China nesse período que estou aqui. Ir a China conversar é muito importante. Chineses, árabes, essa turma gosta muito que você esteja presente, conversar olho no olho", disse.

Soja dos EUA

Blairo Maggi também foi indagado pelos repórteres sobre se o Brasil estaria preparado para o fato de a China eventualmente retirar a tarifa que cobra sobre a soja dos Estados Unidos para minimizar os efeitos da guerra comercial entre os dois países. Segundo o ministro da Agricultura, o Brasil está "absolutamente preparado" para esse eventual cenário.

Com a tarifa chinesa de 25% aplicada sobre a soja dos Estados Unidos, o Brasil exportou volumes recordes do grão neste ano, principalmente, para o país asiático.

"A retirada do imposto pela China não vai influenciar em nada. Vai ser um mercado que vai voltar a patamares que estavam antes ou muito próximos", declarou o titular da Agricultura.

O ministro disse ainda que a manutenção do preço da soja no Brasil foi ruim para o agronegócio como um todo, porque a base de preço maior do que a soja americana encarece insumos agrícolas, como a ração. "A volta à normalidade só traz benefício", acrescentou.

Frete da Cohab

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Francisco Marcelo Rodrigues Bezerra, também participou da entrevista coletiva organizada pelo Ministério da Agricultura.

A Conab é uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Agricultura que executa programas sociais ligados à agricultura familiar. Entre outras ações, a companhia forma estoques públicos de milho para abastecer pequenos criadores com ração animal a preços compatíveis com os de atacado.

Questionado sobre o cumprimento da cota que destinou 30% do transporte da Conab para produtores autônomos, Bezerra disse que não houve demanda por parte dos transportadores autônomos e que a procura ficou abaixo dos 30%.

A determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos foi uma das medidas anunciadas pelo governo federal para atender as reivindicações dos caminhoneiros, durante a greve ocorrida este ano.

"Eles pouco têm demandado. Até agora, só uma cooperativa procurou a Conab", declarou o presidente da Conab.

“Isso é uma prova de que não adianta interferir no mercado”, complementou o ministro da Agricultura.

 
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