A pesquisa de campo foi realizada nos municípios do Alto Sertão de Alagoas, parte oeste do semiárido e segundo Lucas Lima, a escolha desse recorte espacial deve-se à recente presença do Canal do Sertão. Ele aproveita para destacar: “Trabalhamos com a hipótese de que a disponibilidade hídrica advinda do citado canal, bem como o lobby exercido pelas empresas e revendedoras de agrotóxicos têm fomentado o uso de veneno nas lavouras dos municípios da citada região. Em parte expressiva das propriedades visitadas foram encontrados agrotóxicos extremamente e medianamente tóxicos. Além de muito perigosos ao meio ambiente, como o Curyom, o Galigan, o Lannate e o Mospilan, esses agrotóxicos são fabricados por empresas estrangeiras”, afirmou.
Além da pesquisa de campo em municípios do Sertão de Alagoas, o estudo contemplou dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Agravos de Notificação, vinculado ao Ministério da Saúde, Censo Agropecuário, realizado pelo Instituo Brasileiro e Geografia (IBGE). Constatou- se ainda, que o número de propriedades rurais que usam agrotóxicos também é maior nos municípios que integram o perímetro do Semiárido, especialmente, Arapiraca, Coité do Noia, Craíbas, Girau do Ponciano, Igaci e Lagoa da Canoa.O pesquisador acrescenta que também foram constatadas a ausência de equipamentos de proteção individual e o desconhecimento do descarte regular das embalagens. “Por fim, foi identificada uma crescente dependência dos agricultores aos agrotóxicos, o que revela a captura da renda da terra desses camponeses pelas empresas e revendedoras de agrotóxicos”, frisa.
Ele informa ainda que os dados e as informações mencionadas foram sistematizados em artigo publicado pela revista Diversitas Journal, vinculada à Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) em outubro deste ano. Os resultados da investigação integram parte da Pesquisa de Iniciação Científica (Pibic), realizada no âmbito do Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas.
Outros danos
Segundo o professor Lucas Lima, chama a atenção as circunstâncias de intoxicação por agrotóxicos em Alagoas. E diz: “A circunstância mais expressiva é a tentativa de suicídio com 327 casos. Indicamos que na literatura científica já existem estudos que apontam a relação entre exposição regular a agrotóxicos e tentativa de suicídio", destacou.
A pesquisa no Campus do Sertão contou com a participação também de Anderson Ribeiro Miranda, Érica Franciele da Silva Lima, José Rodolfo da Silva Santos e Jefferson Araújo Nascimento.