Uma mulher foi internada em um hospital em Rhode Island (Estados Unidos) porque estava sentindo fraqueza, falta de ar e um sintoma muito incomum: ela estava ficando com a pele azulada. Ao colher o sangue da paciente, os médicos Otis Warren e Benjamin Blackwood perceberam que ele também estava azul. O caso foi publicado nesta quinta-feira (19) no periódico The New England Journal of Medicine.
A paciente foi diagnosticada com metahemoglobinemia, que é provocada pela inibição da enzima responsável pela redução e oxidação do sangue. "A alteração da cor acontece porque o ferro, que é o principal elemento da hemoglobina, está alterado", diz Breno Gusmão, hematologista da BP - a Beneficência Portuguesa de São Paulo e da Associação Brasileira Linfoma e Leucemia.
Embora seja bem incomum, Adérson Araújo, hematologista do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, a condição pode alterar a coloração do sangue e atingir as mucosas e ponta dos dedos. Ao realizar os exames, os médicos constataram que o nível de oxigênio era de 67%, sendo que o normal deve estar sempre acima de 90%. . Araújo explica que, quando o atendimento demora a ser feito, o problema pode levar a morte. "Quando o sangue é oxigenado nos pulmões, mas não chega aos tecidos, pode ocorrer um choque cianótico e o paciente vir a óbito", afirma Araújo.
Problema foi provocado por uso de benzocaína
Algumas substâncias podem alterar o mecanismo oxidativo da pessoa e alterar a cor do sangue, como aconteceu com a paciente.
Ela havia se automedicado com benzocaína para controlar uma dor de dente. "Esse tipo de remédio pode causar o problema. Além desse, medicações para malária, lepra e coração", explica Araújo. Além disso, o problema pode ocorrer por alteração genética, mas ainda assim é bem incomum.
Ela ficou internada apenas uma noite e foi tratada com duas doses de azul de metileno, uma medicação que, como o próprio nome já diz, também é azul.
Apesar da facilidade no tratamento, a paciente chegou a correr risco de morte. Os médicos explicam que se o nível de oxigênio nos tecidos tivesse caído para menos de 60%, ela teria morrido.