Familiares confirmaram, nesta semana, a morte do estudante de medicina Antônio Hashitani, de 25 anos, em um combate na cidade Bakhmut, na Ucrânia. O jovem já é o quarto brasileiro morto no conflito entre o país do leste europeu e a Rússia.
O Brasil não enviou tropas para a guerra, que já se arrasta há um ano e meio. Mas, alguns brasileiros decidiram ir até a Ucrânia na intenção de ajudar o país. Em sua maioria, eles fazem parte da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, um grupo paramilitar de estrangeiros organizado pelo governo ucraniano.
Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU (OHCHR), desde fevereiro de 2022, quando a guerra começou, aproximadamente nove mil pessoas já morreram em território ucraniano.
Antônio Hashitani, de 25 anos, era estudante de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba. O jovem trancou a faculdade no terceiro ano para se dedicar à causa humanitária.
Ele já havia participado de projetos na África, como a construção de um parque infantil na Tanzânia. Na Ucrânia, ele era filiado a um grupo paramilitar
Antônio estava na guerra contra a Rússia como voluntário. Ele morreu enquanto lutava em Bakhmut, na Ucrânia, no dia 3 de agosto. A família só foi comunicada da morte do estudante na última segunda-feira (7), por meio de um telefonema do Itamaraty. A embaixada brasileira deve providenciar o translado do corpo.
Antônio Hashitani, de 25 anos, morreu em um combate na Ucrânia
Natural de Porto Alegre, André Luis Hack Bahi, de 44 anos, morreu no dia 4 de junho de 2022. Segundo familiares, ele era interessado em guerras desde a infância e estava na Ucrânia desde fevereiro daquele ano, quando a guerra começou.
"Desde pequeninho [o André] gostava de brincar com 'homenzinhos', com arma. Ele olhava filmes de guerra. Ele disse que não era para nós ficarmos bravos nem pedir para ele voltar da Ucrânia. Ele iria até o final. A gente tem que respeitar essa vontade", disse a irmã, Letícia Hack Bahi, ao G1.
André foi o primeiro brasileiro a morrer no conflito. Ele já havia participado de uma missão na Costa do Marfim, junto à Legião Estrangeira Francesa, onde se feriu em uma batalha.
Na Ucrânia, ele fazia parte da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia. André teria morrido ao se arriscar para salvar outros dois combatentes. Antes de ir para a guerra, o gaúcho vivia em Quixadá, no Ceará. Ele tinha sete filhos e estava separado da esposa.
André Hack Bahi à esquerda da foto
Douglas Rodrigues Búrigo, de 40 anos, morreu em julho de 2022, dois meses depois de chegar à Ucrânia. Segundo os familiares, ele teria ido ao país europeu para realizar serviço humanitário, mas acabou indo para a linha de frente do conflito.
Antes de ir para a Ucrânia, ele morava com os pais e a irmã em São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul.
Na guerra, o gaúcho atuava ao lado do exército ucraniano em Kharkiv. Ele morreu durante um ataque aéreo na região. O corpo de Douglas foi cremado na Ucrânia e enviado ao Brasil em setembro do ano passado.
A brasileira Thalita do Valle, de 39 anos, morreu em julho do ano passado asfixiada após um incêndio atingir o bunker onde estava escondida. Ela havia chegado a apenas três semanas na Ucrânia.
Thalita era filiada à Legião Estrangeira Ucraniana e atuava como socorrista na organização. "Na função de socorrista, dentro do contexto da guerra, é natural aprender manipular armamentos. Ela se tornou atiradora de precisão Sniper, e não de elite, por conta da própria função de socorrista", explicou o irmão Rodrigo Vieira ao G1.
A paulista já havia sido voluntária no Iraque e participou do resgate a vítimas em Mariana (MG), em 2015, e Brumadinho (MG), em 2019.
Thalita do Valle morreu três semanas após chegar na Ucrânia para trabalhar como socorrista