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12/06/2023 às 10h45min - Atualizada em 12/06/2023 às 10h45min

Morte de piloto e namorada: entenda o que é a febre maculosa

A morte do casal Douglas Costa e Mariana Giordano está sendo investigada pela Prefeitura de Jundiaí (SP), após os dois apresentarem sintomas como febre, dor e erupções vermelhas no corpo. A informação foi divulgada na sexta-feira (9). Uma das suspeitas das autoridades é de que o piloto e a namorada tiveram febre maculosa. Também há a possibilidade de eles terem contraído dengue ou leptospirose.

A reportagem procurou o médico infectologista Marco Aurélio Cunha de Freitas para explicar como a febre maculosa funciona e quais são os tratamentos.

De acordo com o infectologista, a febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela, mas também pode ocorrer por meio de outro carrapato, desde que esteja infectado com uma bactéria chamada de Rickettsia Rickettsii e em uma região endêmica de febre maculosa.

 

"A região nossa aqui de Jundiaí, cercada pela Serra do Japi, ela é endêmica. Temos bastante casos, em Jundiaí, Cabreúva, chegando até Louveira. É muito importante saber a história do paciente, por onde que ele foi, se ele frequentou área rural, se ele teve chance de ser picado por um carrapato ou não. Esse carrapato pega muito cavalo, cachorro, capivara e pode passar pra gente", explica.

Transmissão - Sobre a transmissão da doença, o profissional diz que ocorre geralmente entre 6 e 12 horas depois que o carrapato está na pessoa. Marco Aurélio ressalta que além de tentar se proteger do parasita, deve se ter atenção redobrada ao chegar em casa e na hora do banho.

"Procurar o carrapato para tirar o mais rápido possível. Se tirar ele muito rápido, não tem perigo. Também tirar o carrapato da maneira correta, não puxar ele de uma forma que você vai fazê-lo depositar todo material sanguíneo que ele chupou da gente, se não vai mais bactéria. Pegar ele pelo aparelho bucal dele com uma pinça, tirar e não ficar mexendo. Matar ele no álcool, jogar fora na privada e só."

 

O período de incubação da doença pode variar entre 7 a 14 dias, segundo o infectologista. Após este período, o paciente desenvolve alguns sintomas que pode confundir com outras doenças bacterianas como febre, dor de cabeça, conjuntivite, manchas no corpo, náuseas e vómitos, e dificultar o diagnóstico.

"Podemos ter casos leves, muito leves, que a gente nem faz o diagnóstico, a pessoa sara sozinha. Mas há casos muito graves que a evolução pode ser muito rápida. Eu já vi paciente, em 12 horas, de chegar no hospital e falecer, mesmo com o tratamento, com a suspeita feita rápida. Pode ter formas bem agudas", afirma o infectologista.

Diagnóstico e sintomas - O diagnóstico da febre maculosa é feito por sorologia, porém de acordo com Marco Aurélio, o resultado pode demorar. Por isso, o diagnóstico por meio do PCR é utilizado como uma forma mais rápida de entender qual a doença.
 

"O tratamento da suspeita a gente trata, não esperamos confirmar nada por causa disso, além do diagnóstico demorar, quanto mais tempo você demora, maior pode ser mortalidade". Ele ainda pontua que são usados dois tipos de antibióticos no tratamento.

Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são:

  • Febre
  • Dor de cabeça intensa
  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia e dor abdominal
  • Dor muscular constante
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
  • Gangrena nos dedos e orelhas
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória

O MS ressalta que, além dos sintomas acima, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
 

Como prevenir? - O infectologista explica que a pessoa pode seguir algumas orientações para evitar o contato com o carrapato quando estiver em um local de contágio, como fazer o uso de calças compridas.

"De preferência passar um elástico na calça para que o carrapato não entre. Usar roupa clara porque, se ele começar a subir em você, você identifica rápido. Depois que passou por aquela área, fazer a procura em você. Se tem carrapato, tirar ele logo. Quanto mais rápido tirar, menores são as chances da doença."

Onde pode ser encontrado? - A febre maculosa também pode ser encontrada em outros países, como comenta o profissional. "É uma bactéria muito difícil de isolar, são descritas de maneiras diferentes. A gente tem nos Estados Unidos a 'Febre da Montanha Rochosa', mas é um pouco diferente. Provavelmente uma sub-variante de bactérias. Essa forma [igual no Brasil] é bem característica e não é nem no Brasil inteiro, são em algumas regiões", aponta.
 

Suspeita em Jundiaí - O empresário Douglas Costa e a namorada, mariana Giordano, morreram após apresentarem sintomas como febre, dor e erupções vermelhas no corpo. A causa da morte dele tem como suspeitaa febre maculosa, dengue e leptospirose.

A dentista Mariana Giordano foi atendida em um hospital da capital paulista e Douglas estava em um hospital particular de Jundiaí (SP).

Segundo a Secretaria de Saúde, em ambos os casos, foram enviadas amostras para análise no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP).
 

O corpo do empresário foi enterrado no Cemitério de Itupeva (SP), na quinta-feira (9). Já o corpo da dentista foi sepultado na capital paulista, de acordo com amigos.

Conforme a nota divulgada pela Vigilância Epidemiológica de Jundiaí, os sintomas teriam começado no dia 3 de junho. O órgão também informou que o casal teria ido para uma área rural de Campinas (SP) antes dessa data.

Campinas já registrou duas mortes pela febre maculosa neste ano. Segundo a prefeitura, as vítimas, de 47 e 62 anos, residiam na região de abrangência do Centro de Saúde Sousas.

O casal também passou por Monte Verde, distrito de Camanducaia (MG), nos dias 3 e 4 de junho.

 

A Prefeitura de Camanducaia informou que "o fato de os pacientes terem visitado a cidade no dia em que os sintomas começaram, é improvável que a febre maculosa tenha sido contraída no distrito, devido ao período de incubação da doença, que varia de dois a 14 dias".

O poder público também informou que o município não registra casos de febre maculosa e carrapatos estrela há mais e 20 anos e que "mesmo com a provável origem de contaminação fora do distrito, realizará todas as ações de investigação epidemiológica necessárias para garantir a saúde de todos os munícipes e turistas".

Outros casos já registrados em Jundiaí - Em 2020, a prefeitura confirmou que a cidade registrou dois casos positivos de febre maculosa, sendo uma morte pela doença.

O paciente que morreu era um homem de 49 anos que foi internado em um hospital público da cidade ao apresentar febre, dor de cabeça, dor muscular, náuseas, vômitos e pele amarelada.

Já em 2019, uma grávida de 44 anos foi internada com um quadro de infecção "inespecífica". Ela chegou a ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. Laudo confirmou que a paciente estava com febre maculosa.

 
 
 


















g1.com.br

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