O presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Marcelo Victor (MDB), é conhecido por ser um político comedido nas críticas, sobretudo contra os seus adversários. Ontem (2), o parlamentar causou surpresa no meio político alagoano ao publicar em suas redes sociais um vídeo com ironias ao deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil), a quem chamou de “boca mole”, um apelido dado pelo hoje prefeito JHC (PL) ao ex-adversário na disputa pela Prefeitura de Maceió, durante a campanha eleitoral de 2020.
“Boca mole, você está tão caladinho. Anularam os processos do seu chefe e você não disse nada. Safadinho. A gente lhe conhece. Como eu tinha dito antes, a sua moral cabe na carteira do seu patrão. Sua moral seletiva é uma piada”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
Marcelo Victor se referiu à decisão do Superior Tribunal de Justiça, de autoria do ministro Humberto Martins, que anulou a condenação do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP), referente à Operação Taturana.
O presidente da ALE deixou claro que o deputado Alfredo Gaspar não fez qualquer referência à decisão do STJ ao livrar Arthur Lira de uma condenação por improbidade administrativa que poderia o tornar inelegível.
Também nas redes sociais, Alfredo Gaspar rebateu Marcelo Victor. “Aqui em Brasília, vejo que o meu trabalho tem incomodado o crime organizado. Fui eleito livremente pelo povo alagoano para combater a bandidagem e à corrupção. Seguirei firme nestes quatro anos cobrando as punições dos grandes corruptos de Alagoas e do Brasil. A bandidagem em Alagoas sabe que comigo a parada é dura”.
ENTENDA
Arthur Lira e outros parlamentares foram condenados pela Justiça de Alagoas em decorrência da Operação Taturana, da Polícia Federal, que investigou suposto esquema de desvio de recursos da Assembleia Legislativa. O hoje presidente da Câmara foi deputado estadual de 1999 a 2010.
Lira foi condenado por pagar empréstimos pessoais com recursos de verba de gabinete e utilizar cheques emitidos da conta da Assembleia para garantir financiamentos também pessoais.
A acusação apresentada pelo Ministério Público trazia ainda outras suspeitas, como movimentação financeira atípica de R$ 9,5 milhões (em valores não corrigidos) e desconto na boca do caixa de cheques emitidos pela Assembleia Legislativa do Estado em favor de servidores fantasmas e laranjas.
Na decisão do ministro do STJ, Humberto Martins, foi acatado o recurso da defesa que, entre outros argumentos, alegou que Arthur Lira foi julgado e condenado sem ter sido citado para apresentar contestação, na forma da legislação processual civil.
O ministro escreveu que o processo está eivado de nulidade com relação ao deputado “por não ter havido a constituição válida e regular do processo por meio de citação pessoal válida, nos termos da legislação”.
A sentença condenatória do tribunal de Alagoas afirmava que Lira e os demais parlamentares tiveram “uma ânsia incontrolável por dilapidar o patrimônio público, corroeram as entranhas do Poder Legislativo Estadual, disseminando e institucionalizando a prática degenerada de corrupção, proselitismo e clientelismo”.
Em 2016, o Tribunal de Justiça de Alagoas confirmou a condenação do então já deputado federal por improbidade administrativa, o que incluía determinação de ressarcimento de R$ 183 mil aos cofres públicos (em valores da época) e a suspensão dos direitos políticos por dez anos.
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