O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) afirma que o grupo sequestrava criminosos mediante tortura e pagamento de resgate, vendia armas, vazava operações e fazia troia, uma espécie de tocaia para surpreender traficantes.
O MPRJ cita como exemplo que quatro dos denunciados exigiram R$ 1 milhão de Léo Marrinha, chefe do tráfico do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, para não prendê-lo.
Entre os investigados, estão o comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), o tenente-coronel André Araújo de Oliveira, que foi afastado, e o chefe do Serviço Reservado (P2) do batalhão, o capitão Anderson Santos Orrico. Contra os dois havia mandados de busca e apreensão. Na casa de Orrico, agentes retiveram R$ 96 mil.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que está colaborando com as investigações.
“A secretaria e o MPRJ atuam conjuntamente para cumprimento de mandados de prisão e mandados de busca e apreensão em desfavor de policiais militares”, afirmou, em nota.
“Preventivamente, o comandante do 15º BPM foi afastado da unidade visando à isenção no andamento do caso. A Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e tem como objetivo a apuração dos fatos”, disse.
Além das prisões, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados. Os mandados foram expedidos pelo Juízo da Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do RJ.
Um dos endereços visados foi o Batalhão de Duque de Caxias.Lá, agentes vasculharam armários e escritórios.
Na casa do subtenente Antônio Carlos dos Santos Alves, lotado no Batalhão de Caxias, agentes apreenderam armas pesadas, munição, radiocomunicadores, joias e R$ 120 mil em espécie.
Presos
Três ainda não haviam sido identificados.
Celular revelou esquema
As investigações da Operação Mercenários começaram depois da Operação Gogue Magogue, de julho de 2020, também contra policiais. Na ocasião, o MPRJ apreendeu o celular do então segundo-sargento Adelmo Guerini, à época no 21º BPM (São João de Meriti).
“A partir dos dados extraídos do aparelho, verificou-se que policiais militares lotados no Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 24º BPM (Queimados) e na P2 do 21º BPM, valendo-se da função desempenhada nos batalhões, integraram organização criminosa para cometer os crimes citados”, afirma o MPRJ.
Adelmo e os denunciados Mário Paiva Saraiva, Antonio Carlos dos Santos Alves, Denilson de Araújo Sardinha, Weliton Dantas Luiz Junior, Francisco Santos de Melo, Marcelo Paulo dos Anjos Benício e Vitor Mayrinck integravam a equipe Delta do GAT do 24º BPM e, segundo o MPRJ, “se aliaram para obter vantagens indevidas, através de acertos de propina com criminosos, em especial traficantes”.
“Quando o acerto não era realizado, os denunciados realizavam atos de violência, através de extorsões, torturas e homicídios, além de desviar parte ou a integralidade de materiais ilícitos apreendidos que, muitas vezes, sequer eram apresentados à autoridade policial”, detalham os promotores.
Em fevereiro de 2020, André Araújo, então subcomandante do 24º BPM, assumiu o comando do 21º BPM, levando consigo parte do grupo para formar a P2 do 21º BPM, cujo chefe era Anderson Orrico.
“A partir deste momento, o esquema criminoso existente no GAT do 24º BPM foi copiado e implementado no 21º BPM, com seus integrantes passando a contar com informantes e arrecadadores de propina próprios”, narra o MPRJ.
Com isso, de acordo com as investigações, passaram a fazer parte da organização criminosa outros cinco policiais militares: Marcelo Leandro Teixeira, Oly do Socorro Biage Cei de Novaes, William de Souza Noronha, Fabiano de Oliveira Salgado e Thiago Santos Cardoso.
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