O estado teve o terceiro pior rendimento registrado no País, à frente apenas do Piauí, que pagou em média R$ 10,12 aos seus trabalhadores, e do Maranhão (R$ 9,69), o pior desempenho entre os 26 estados brasileiros. A pesquisa não incluiu o Distrito Federal.
Segundo o estudo, o Rio de Janeiro aparece em primeiro lugar do ranking, com um rendimento médio por hora trabalhada de R$ 21,10. Em seguida aparecem São Paulo (R$ 18,61), Tocantins (R$ 17,07) e o Rio Grande do Sul (R$ 17,04). O levantamento do Dieese mostra ainda que o Nordeste amargou a maior perda salarial do país no primeiro trimestre de 2021. Entre janeiro e março, a renda efetiva do trabalho caiu 7,05% na região, frente a igual intervalo de 2020. O recuo verificado no Brasil foi de 2,2%.
Uma das possíveis explicações para a queda acentuada no Nordeste é a grande dependência do setor de serviços na região, indica Sandro Sacchet de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea. Esse segmento reúne atividades que foram atingidas em cheio pela piora da pandemia, como operações de turismo, bares e restaurantes. Empresas do gênero dependem da circulação de consumidores, que foi afetada por restrições para frear o coronavírus.
“De certo modo, o tipo de ocupação tem impacto nos resultados observados. Estados com dependência maior da agricultura e da indústria foram menos afetados”, aponta Carvalho. As outras quatro regiões do país tampouco ficaram imunes à queda na renda efetiva no primeiro trimestre. A segunda maior baixa foi registrada no Norte (-3,85%), seguido por Sudeste (-1,46%) e Sul (-0,97%). O Centro-Oeste teve o recuo menos intenso (-0,84%). O estudo também informa que a crise sanitária elevou a proporção de domicílios sem nenhuma renda do trabalho no Brasil. O percentual pulou de 25% no primeiro trimestre de 2020 para 29,3% no mesmo intervalo de 2021. “Essa diferença reforça a avaliação de que está sendo lenta a recuperação do nível de ocupação entre as famílias de renda mais baixa a patamares anteriores à pandemia”, diz o Ipea em nota.
Segundo a pesquisa, a faixa etária mais afetada pela piora da crise sanitária foi a dos jovens adultos (25 a 39 anos), com queda de 7,73% nos rendimentos efetivos entre janeiro e março. A renda dos trabalhadores com 60 anos ou mais, por outro lado, cresceu 7,06%, influenciada principalmente pela alta proporção de trabalhadores por conta própria nessa faixa etária.
Já em relação à escolaridade, os rendimentos recuaram para todas as categorias, com destaque negativo para os trabalhadores que completaram o ensino médio (-8,37%). No recorte por sexo, os homens tiveram queda de 4,71% na renda. Entre as mulheres, houve alta de 1,33%. Segundo Carvalho, o nível de empregos formais é maior entre os homens no país. E, no primeiro trimestre, renda efetiva caiu 3,6% nos vínculos de trabalho com carteira assinada. Isso, diz o pesquisador, ajuda a entender a diferença em relação às trabalhadoras.
Na visão de Carvalho, a recuperação da renda depende do avanço da vacinação contra a Covid-19 nos próximos meses. A imunização é considerada necessária para reduzir restrições a setores como o de serviços, o maior empregador do país. “Em termos de renda, pelo menos no segundo trimestre, a gente espera um cenário bastante semelhante [ao do primeiro]. Uma recuperação pode ser demonstrada a partir do terceiro trimestre, com o avanço da vacinação”, afirma o pesquisador.
Entre janeiro e março, a taxa de desemprego chegou a 14,7% no país. A marca representa recorde na série histórica do IBGE, iniciada em 2012. O total de desempregados alcançou a marca de 14,8 milhões de pessoas, outra máxima da pesquisa.
RENDIMENTO MÉDIO PRIMEIRO TRIMESTRE