A volta de Pazuello ao governo ocorre dois meses e meio após sua demissão do cargo de ministro da Saúde. Na sequência, Pazuello, que é general da ativa, voltou ao Exército.
A nomeação também ocorre após a abertura de uma apuração, pelo Exército, da participação de Pazuello em ato político de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, o que é vedado por regulamento militar.
Assuntos estratégicos
A portaria com a nomeação foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Pazuello ficará subordinado no novo cargo ao almirante Flávio Rocha, atual secretário de Assuntos Estratégicos do governo. A SAE funciona no Palácio do Planalto.
Pazuello foi demitido do cargo de ministro da Saúde em março deste ano, após quase um ano à frente da pasta.
A gestão dele foi marcada por apoio ao uso da cloroquina, crise de abastecimento de medicamentos e oxigênio e recorde de mortes pela Covid-19 no país.
O militar foi o terceiro dos quatro ministros da Saúde nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus, iniciada em 2020. O general não tinha experiência prévia em saúde pública quando assumiu o ministério.
Pazuello foi substituído pelo atual ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga. Bolsonaro sempre elogiou o trabalho do general como ministro e discutia, desde março, nomeá-lo para um cargo no Palácio do Planalto, o que se confirmou nesta terça.
Ato com Bolsonaro
Na semana passada, o Exército decidiu abrir procedimento disciplinar após Pazuello participar, ao lado de Bolsonaro, de um ato pró-governo, no Rio de Janeiro, o que é proibido pelas normas que regem as carreiras dos militares.
Pazuello pode ser punido pela participação no ato. O general, na sua defesa, disse que não participou de um ato político-partidário no Rio de Janeiro. O Exército ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
O ex-ministro também foi alvo de críticas ao depor na CPI da Covid. Ele foi acusado por senadores de mentir ou entrar em contradição em temas como atraso na compra de vacinas de diferentes laboratórios e recomendação do governo para o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, medicamento cuja ineficácia é comprovada pela ciência.
A reconvocação de Pazuello para um novo depoimento na CPI foi aprovada por senadores membros da comissão na semana passada.