O senador Fernando Collor (Pros-AL) negou que o governo Jair Bolsonaro esteja sendo feito refém pelo Centrão e afirmou que a escolha da deputada Flávia Arruda (PL-DF) para comandar a Secretaria de Governo foi um acerto do presidente. A deputada entrou no lugar que era do general da reserva Luiz Eduardo Ramos, que foi nomeado ministro da Casa Civil.
Para o ex-presidente, que prefere chamar o Centrão de "centro democrático", a escolha de Arruda foi "absolutamente acertada" e marca o aprimoramento da relação entre Executivo e Legislativo. "Agora temos a pessoa certa no lugar certo", ressaltou. A fala do senador aconteceu em entrevista à CNN nesta quinta-feira (1º).
O discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que ele estaria "apertando um sinal amarelo para quem quiser enxergar" foi interpretado pelo senador do Alagoas como "um aviso, um alerta que um companheiro dá ao presidente da República" a respeito das dificuldades do Brasil em obter vacinas. O senador afirmou ainda que Lira "tem uma relação extremamente cordial" com Bolsonaro.
Sem crise com militares
Collor também minimizou a possibilidade de crise política envolvendo o governo federal e as Forças Armadas depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar o comando do Ministério da Defesa, o que levou à inédita demissão conjunta dos três comandantes militares.
Para Collor, a mudança ministerial é "prerrogativa do presidente da República" e que "não houve crise nenhuma".
"Tudo aconteceu de uma forma absolutamente normal, não há o que se espantar. Estamos vivendo dias de absoluta tranquilidade em uma semana de Páscoa, e vamos transcorrer esses dias com estabilidade absoluta no governo. Essa suposta crise que se criou no ambiente militar está absolutamente dissipada", disse.
Questionado sobre o desempenho do ministro da Economia, Paulo Guedes, Collor defendeu que Guedes "vem fazendo tudo aquilo que está ao seu alcance" na pasta e que a agenda liberal do governo foi prejudicada pela pandemia de Covid-19 e por desentendimentos do ministro com o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A pandemia também gerou um efeito colateral prejudicial para a agenda econômica ao inviabilizar votações presenciais do Congresso Nacional, disse Collor. "A sessão presencial é fundamental para que discutamos assuntos dessa envergadura", afirmou o parlamentar em relação a privatizações como a da Eletrobras e reformas econômicas como a administrativa e tributária.
'Remanso' nas Relações Exteriores'
Sobre a mudança no Ministério das Relações Exteriores, em que Ernesto Araújo foi substituído por Carlos França, Collor também disse que o momento atual é de tranquilidade e que a troca foi natural. O senador negou que tenha sido convidado para assumir a pasta e atribuiu a queda de Araújo a um "entrevero" entre o agora ex-ministro e o Senado Federal.
"O que deslanchou essa mudança foi um entrevero ocorrido entre o ministro e o Senado da República no momento em que ele compareceu para prestar contas de sua administração", falou Collor, se referindo à sessão ocorrida em 24 de março em que Araújo falou sobre seu trabalho para comprar mais vacinas contra a Covid-19.
O senador reconheceu que o novo chanceler é inexperiente e nunca chefiou uma representação brasileira no exterior, mas se referiu a França como "um ministro muito sério e que tem um currículo muito bom". Collor também elogiou o novo ministro por ter convidado o embaixador Fernando Simas para assumir a Secretaria-Geral do Itamaraty.
"Acredito que essa crise foi criada, e acabou a crise resultando em remanso natural, normal, tudo voltou a correr normalmente", reforçou o parlamentar.