“Tivemos muita dificuldade de chegar à polícia depois disso [do crime]. Chamamos um uber para ir a um posto de polícia e estava fechado”, conta. Ela relata que o dono da pousada em que estava hospedada a ajudou. “Nos conduziu a um outro que estava fechado também. Foi preciso ir a um terceiro local”, detalha.
A mulher relatou a perplexidade em que ficou diante da dificuldade de chegar até a polícia. “É uma emergência quando se passa por isso. Necessitava ir ao hospital fazer exames e tomar remédios. É algo de emergência, e não me parece normal que os postos de polícia estejam fechados”, relatou
O dono da pousada em que a mulher estava hospedada diz que faltam policiais que possam atender os turistas em suas especificidades, como o idioma. “É de fundamental importância que, por exemplo, existam policiais capacitados, bilíngues, para que possam dar suporte, por exemplo, à turista francesa. Recebemos franceses, ingleses, pessoas que falam Inglês, e se ela não falasse o Espanhol, assim como eu falo, e estava fazendo a tradução para os policiais, seria muito complicado”, pontua.
Sobre a violência que sofreu, a mulher contou que perdoa o criminoso pelo que ele fez contra ela. “O que quero é que busque esse homem e que eu tenha a possibilidade de ver e falar com ele, de dizer que o perdoo, porque sei que vai passar a vida dele com isso”, declarou.
Ela conta que quando dorme vê uma sombra. “Necessito ver os olhos [do criminoso] e dizer que perdoo. Só tenho imagens de uma sombra”, relatou.
CLAMOR DAS MULHERES
O editorial do jornal da Gazeta de Alagoas da última segunda-feira (8), quando se comemorou o Dia Internacional da Mulher, lembrou que as delegacias especializadas da mulher em Alagoas não operam durante 24 horas. Muito menos estão disponíveis em horários críticos, além de feriados e finais de semana, quando as agressões são mais frequentes. “Diante da insuficiência de políticas públicas, é compreensível que as mulheres se sintam menos encorajadas para denunciar seus agressores”, diz o texto.
O editorial lembrou ainda que, naquele oito de março, a Casa da Mulher Alagoana Nise da Silveira completou 60 dias de inaugurada. Ela resulta de um esforço conjunto dos poderes para melhor apoiar as demandas do segmento, mas, infelizmente, ainda se ressente de efetiva funcionalidade.
O texto termina concluindo que a data, portanto, é simbólica e de luta pela dignificação da mulher na sociedade. “Ao governo do Estado, através da SSP [Secretaria de Estado da Segurança Pública], que foque na vida real, abolindo o cineminha virtual pelas redes sociais e cuidando do funcionamento efetivo das delegacias especializadas”, sugere.