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19/08/2020 às 15h44min - Atualizada em 19/08/2020 às 15h44min

Após críticas de Leonardo DiCaprio, Mourão convida ator para marchar oito horas na selva

Após o ator Leonardo DiCaprio criticar a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação às queimadas na Amazônia, nesta quarta-feira (19), o vice-presidente Hamilton Mourão convidou o astro para "uma marcha de oito horas pela selva".

 

"Eu gostaria de convidar nosso mais recente crítico, o nosso ator Leonardo DiCaprio, para ele ir comigo a São Gabriel da Cachoeira [no Amazonas] e nós fazermos uma marcha de oito horas pela selva entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí", disse Mourão no Fórum Mundial Amazônia+21, debate entre governo e setor produtivo.

"Ele vai aprender, em cada socavão que ele tiver que passar, que a Amazônia não é uma planície, e aí entenderá melhor como funcionam as coisas nesta imensa região", continuou o vice-presidente na resposta ao ator.

 

Na sexta-feira (14), DiCaprio compartilhou, em uma rede social, matéria do jornal inglês The Guardian indicando que o número de queimadas na Amazônia brasileira aumentou 28% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
 

O Inpe indica 6.803 focos de incêndio em julho de 2020 contra 5.318 em julho de 2019. Até o dia 18 de agosto deste ano, já são 18.343 focos ativos de queimada na Amazônia. Em todo o mês de agosto de 2019, foram 30.900.

 

"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está sob pressão internacional para conter as queimadas, mas ele duvidou publicamente da gravidade delas no passado, alegando que oponentes e comunidades indígenas foram os responsáveis", escreveu Leonardo DiCaprio. "Os incêndios florestais na Amazônia no ano passado foram devastadores o suficiente, mas com o clima mais seco neste ano até agora, assim como a pandemia do coronavírus, que matou mais de 99 mil brasileiros, há uma preocupação crescente de que o desmatamento em curso não esteja recebendo atenção suficiente", continuou o ator.

 

Em 2019, Bolsonaro acusou DiCaprio ao especular que as queimadas eram provocadas por ONGs (organizações não governamentais).

 

"O pessoal da ONG, o que eles fizeram? O que é mais fácil? Botar fogo no mato. Tira foto, filma, a ONG faz campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio, e o Leonardo DiCaprio doa US$ 500 mil para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tocando fogo, tá certo? Leonardo DiCaprio tá colaborando aí com a queimada na Amazônia, assim não dá", afirmou Bolsonaro no ano passado.

 

À época, DiCaprio respondeu a Bolsonaro: "Neste momento de crise para a Amazônia, eu apoio o povo do Brasil que trabalha para salvar seu patrimônio natural e cultural. Eles são um exemplo incrível, comovente e humilde do compromisso e da paixão necessários para salvar o meio ambiente", disse DiCaprio em uma nota em 2019.

"O futuro desses ecossistemas insubstituíveis está em jogo e tenho orgulho de apoiar os grupos que os protegem. Embora dignas de apoio, não financiamos as organizações citadas. Continuo comprometido em apoiar as comunidades indígenas brasileiras, os governos locais, cientistas, educadores e as pessoas que estão trabalhando incansavelmente para garantir a Amazônia para o futuro de todos os brasileiros", afirmou o ator à época.

Nesta quarta-feira, Mourão afirmou ainda que o governo brasileiro tem que apresentar resultados porque será cobrado por eles, não por suas intenções.

O vice-presidente disse, no entanto, que o Brasil é criticado dentro e fora do país por causa de falta de informação.
 

"Muita desinformação sobre a Amazônia. Uma primeira coisa que tem que ficar clara: onde ocorre queimada na Amazônia é naquela área humanizada. A floresta não está queimando. No entanto, a imagem que é passada para o resto do Brasil e para a comunidade internacional é que tem fogo na floresta. Não adianta você mostrar o mapa da Nasa, o mapa do Inpe, que a turma não aceita o dado", disse o presidente.

Em 11 de agosto, Bolsonaro afirmou que o Brasil é criticado de maneira injusta e que adota uma política de tolerância zero na área ambiental. Em discurso durante encontro com presidentes da América do Sul que discute a preservação do meio ambiente, o brasileiro disse que é mentirosa a crítica de que a floresta amazônica "arde em fogo". Segundo ele, a realidade da região é "bem diferente" do que a imprensa brasileira e governos estrangeiros apresentam.

"Essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números verdadeiros. É o que estamos fazendo aqui no Brasil", disse.




fonte:tnh1.com.br


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