Imerso na prática da velha política, da qual é um dos protagonista há quase 30 anos, Jair Bolsonaro foi às redes sociais na manhã desta quinta-feira (23) voltar a criticar o preço dos combustíveis para tentar tirar o foco da sua ofensiva oferecendo cargos para cooptar partidos do chamado “Centrão”.
“Preço dos combustíveis, hoje, nas refinarias: Gasolina: R$ 0,91, Diesel: R$ 1,45. Preço Final:ICMS + CIDE + PIS/PASEP + Cofins + transporte + lucro dos postos + lucro das distribuidoras”, escreveu Bolsonaro, em nova indireta sobre os tributos dos combustíveis, sem levar em conta a baixa demanda que fez com que o petróleo tivesse cotação negativa pela primeira vez na história.
Enquanto dizia a manifestantes pró-golpe que “não negociava nada” no ato de domingo (19), Bolsonaro montava um balcão de negócios no Planalto para oferecer cargos no segundo e terceiro escalões do governo para cooptação de partidos do Centrão.
O objetivo é montar uma base no Congresso e fazer frente à liderança de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), que presidem as duas casas legislativas.
Na noite desta quarta-feira (22), a CNN Brasil vazou um vídeo intimista de um encontro de Bolsonaro com o líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).
NEGOCIATA
O presidente ofereceu à sigla, eternizada na figura de Paulo Maluf, o comando do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e a presidência do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
Ao PSD foi ofertada a direção da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Ao PL foi oferecido o Banco do Nordeste e a Secretaria de Vigilância em Saúde, da equipe do novo ministro da Saúde, Nelson Teich.
O Republicanos pode ficar com a presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e com a secretaria de Mobilidade do MDR. Outros 77 cargos estaduais teriam sido colocados à disposição dos partidos em troca de apoio.
Indagado se aceitaria indicações políticas para o cargo nesta quarta-feira (22), Bolsonaro disse não saber. “Não sei, pô. Todo mundo que está em Brasília tem um passado político. Foi filiado, foi simpático ou já trabalhou em algum governo”, minimizou o presidente.
Bolsonaro ressaltou que há milhares de cargos em segundo e terceiro escalões. E que, por isso, não tem condições de saber quem entra e quem sai.
“Eu troco um cara no Piauí. Aí, ele tinha filiação com um partido, que é simpático a nós. Pronto, já falam que eu dei um cargo para o cara”, afirmou. “Eu não fico perseguindo ninguém por ser de tal partido”, disse ainda Bolsonaro, que assumiu demitindo diversos servidores por suposta ligação com o PT.
fonte/tribunahoje.com