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17/04/2020 às 12h19min - Atualizada em 17/04/2020 às 12h19min

Mudança no Ministério da Saúde: diretrizes continuarão bem semelhantes

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A saída do Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde tem um impacto político, evidentemente. Afinal, a demissão gera uma polêmica em meio a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e isso tende a dividir opiniões, pois é inegável que, em termos de aprovação, o ex-ministro angariou uma considerável popularidade. 

 

 

E diga-se de passagem: Mandetta teve acertos. Foi alguém importante nesse processo sim, mas cometeu erros também ao se encantar de mais com o papel que lhe deram, assim como o presidente também cometeu em alguns pronunciamentos infelizes. 

 

Assim, uma rota de colisão entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi construída, com uma lavagem de roupa suja em público, e Mandetta acabou cavando sua demissão em uma entrevista, concedida ao Fantástico da Rede Globo, em que afrontou com tudo o chefe do Executivo. 

 

Gostem ou não, o eleito é o presidente Bolsonaro. A caneta – portanto – é dele, consequentemente a decisão final sobre a condução do Executivo nesse momento. Sendo assim, age de forma legítima, ainda que gere concordâncias ou discordâncias.

 

Diante da colisão, Bolsonaro tomou a medida de retirar o subalterno e colocar em seu lugar o conceituado médico Nelson Teich. Desafios existirão e o governo federal terá que ficar atento a isso: toda transição requer soluções rápidas e eficazes para que não haja descontinuidade nas políticas adotadas, ainda mais nesse momento. Logo, não pode haver rupturas e movimentos bruscos que venham a comprometer a linha de trabalho. 

 

O presidente Jair Bolsonaro sabe bem disso. Tanto que ao apostar no perfil de Teich, buscou alguém que possui, inclusive, similaridades com o pensamento de Mandetta, mas sem a presença do que faz o “animal político”. Portanto, para quem gosta de elogiar os “ministérios técnicos”, agora se tem um ministro muito mais técnico. Teich é igualmente defensor da tese do isolamento horizontal, como se observa em alguns de seus artigos. 

 

Sua fala, ao tomar posse no cargo, aponta para medidas que estão longe de qualquer radicalismo, abertura imediata da economia, ou até mesmo uma abruta passagem para o isolamento radical. Vale ressaltar, entretanto, que Teich defende o isolamento horizontal enquanto estratégia para ganhar tempo e montar toda uma rede de atendimento ao passo em que se compreende também a doença e se alinham os dados para as futuras decisões com base em questões – como alguns gostam de escrever por aí – “técnicas e científicas”. 

 

Quanto ao isolamento, Bolsonaro, por sinal, já deixou claro que essa medida – em seus variados graus – é de responsabilidade dos governadores e prefeitos. Desta forma, o dito pelo presidente passa a ser uma opinião sobre a situação que se observa. Como qualquer outro cidadão, o presidente tem direito a ela. Assim, caro (a) leitor (a), como eu ou você podemos discordar ou concordar com ele. É da democracia. Jair Bolsonaro tende – em seu discurso – a privilegiar o que enxerga como liberdades individuais.

 

O fato é que Nelson Teich se mostra contrário a qualquer ação brusca e se o novo ministro pode falar isso ao lado de Bolsonaro é porque terá o apoio dele nesse sentido. Dessa forma, se observa que o embate com Mandetta foi muito mais um confronto político, pois o ex-ministro, de fato, abusou do que poderia dizer, da forma como poderia dizer e dos afagos a alguns que o seu chefe observa como adversários. Mandetta pagou para ver e viu. 

 

Agora, Nelson Teich salienta a necessidade do aprofundamento da discussão com base nos dados concretos da realidade e não das emoções, alinhando o que há de complexo nessa situação, sem cair na falsa dicotomia entre “Saúde e Economia”. Quem leu alguns textos que já escrevi aqui nesse blog verá que falo exatamente isso. Sendo assim, é inevitável: eu concordo com o novo ministro.

 

Os extremos erram. Erra a meu ver aqueles que falam em uma abertura total e imediata, pois  doença é uma realidade; assim como cometem atrocidades aqueles que, por conta da pandemia, estão a restringir todo tipo de liberdade e a ameaçar até mesmo cidadãos com prisões e impondo um controle social extremado. 

 

É preciso trabalhar no sentido de pensar em retomar gradativamente à normalidade o quanto antes, pois o que é visto apenas como “números”, na economia, são vidas que precisam dos empregos, do sustento, e o país não conseguirá arcar com auxílios indefinidamente.

 

Com as quedas de arrecadação se acumulando, em breve os próprios estados perderão a capacidade de investimentos, pagamentos de funcionalismo, dentre outras ações de assistência e auxílio aos mais vulneráveis, bem como as suas atividades meio e fim, nos mais diversos setores. A própria Prefeitura de Maceió já divulgou – em texto oficial – suas dificuldades para cumprir o compromisso com 13º dos aniversariantes de março e abril e a Secretaria da Fazenda de Alagoas ressaltou a queda de 30% nas emissões de nota fiscal, o que compromete e muito o próprio Estado e os municípios. 

 

A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) está preocupadíssima com a questão do ICMS e não é para menos. Afinal, muitas das cidades alagoanas só sobrevivem por conta dos repasses estaduais e federais, tamanha é a dependência. Tudo isso se encontra para estourar. Caso isso ocorra, serão milhões de pessoas sem renda, um verdadeiro colapso social que não pode ser ignorado. 

 

Daí o bom senso demonstra a necessidade de se fugir do extremismo e perceber que esses temas estão interligados, como bem ressaltou o ministro Nelson Teich. Agora, se ele dará certo ou não na pasta, não tenho bola de cristal. É preciso esperar para ver. Diferente dos profetas do apocalipse, nesse momento, não torço para o quanto pior melhor. Ao contrário, torço muito por Teich. Afinal, também estou nesse barco chamado Brasil.

 

Inclusive, agrada-me a posição dele de que – em uma pandemia – os dados precisam ser vistos e revistos diariamente para compreensão de cenários e projeções, sem alarmismos com as pesquisas que indicam o fim do mundo ou sem subestimar o vírus por mais que sua letalidade seja baixa, pois indepedente disso toda vida importa. Teich está coberto de razão: “posições radicais e emocionais só levam a mais confusão e problema”. 

 

Nesse sentido, creio que o governo Bolsonaro – mesmo trocando um ministro no meio de uma pandemia – conseguiu construir uma saída que não indica uma mudança brusca, mas resolve um problema político com grandes chances de inexistência de ruptura, mantendo assim uma linha de trabalho que pode avançar e trazer bons frutos. Inclusive, dando unidade ao governo e evitando que uma crise se arraste. Em qualquer atividade, quando não há mais clima entre o chefe e o subalterno, só resta um dos dois sairem. Por lógica, o poder se encontra nas mãos do chefe. 


fonte/cadaminuto.com.br


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