O procurador da Fazenda Nacional Matheus Carneiro Assunção foi preso nesta quinta-feira (3) depois de tentar matar a juíza Louise Filgueiras, na sede do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, na avenida Paulista.
A juíza foi convocada para substituir o desembargador Paulo Fontes, que estava em férias, e foi surpreendida com a invasão do procurador, que atacou a magistrada com uma faca, golpeando-a no pescoço.
Louise conseguiu se afastar de Assunção, que não se contentando, chegou ainda a arremessar uma jarra de vidro contra ela, mas o barulho chamou a atenção dos assessores, e o procurador foi imobilizado por seguranças dentro do gabinete.
Após o acontecido, testemunhas relataram que o procurador se movimentava pelo tribunal em estado de surto e intercalava frases sem sentido sobre "acabar com a corrupção no Brasil" e que deveria ter entrado armado no tribunal, “para fazer o que Janot deixou de fazer”. Foi uma referência à confissão recente do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, de que certa vez entrou armado no STF (Supremo Tribunal Federal) com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes.
Segundo informações iniciais da Polícia Federal, a juíza foi atacada entre 17h e 19h, teve cortes no pescoço, mas passa bem. O procurador foi levado para a sede da PF na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. A juíza deve prestar depoimento na PF.
Sindicância
Em nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que “determinou a imediata abertura de sindicância investigativa no âmbito da instituição”.
Repercussão
"Não bastasse a notícia recentemente divulgada de que um Procurador da República pensou em atentar contra a vida de um ministro do STF, agora temos uma infeliz ocorrência no TRF de São Paulo. Para além de lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vítima e todos os colegas do tribunal, urge mais uma vez repensar os níveis de segurança das cortes e dos fóruns, em todo o país”, lamentou Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Para Fernando Mendes, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), não pode se admitir qualquer ataque à magistratura. "A magistratura vem sendo atacada simbolicamente nos últimos tempos, e essa campanha nefasta na tentativa de desacreditar a instituição acaba estimulando o comportamento criminoso de indivíduos. Temos de dar um basta a isso."
Segundo Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP, "não podemos admitir que se estabeleça um clima de ódio dentro do ambiente que deveria ser marcado pelo respeito entre aqueles que estão a dedicar suas vidas em prol da justiça".