O ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (MDB) foi preso na manhã desta quinta-feira 26 pela Polícia Federal. De acordo com o canal Globo News, ele é alvo de uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvio de verba pública, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal estima que o grupo causou prejuízos de mais de 300 milhões de reais à administração pública. Miranda foi detido em Brasília, no apartamento funcional da mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB-TO) — que não é investigada. A corporação alega que os investigados manipularam provas, com a falsificação de documentos e compra de depoimentos.
São cumpridos onze mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva em cidades do Tocantins, Goiás e Pará. O objetivo da operação denominada “12º Trabalho” é obter novas provas e interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro. Os investigados continuam utilizando “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas, diz a corporação.
A defesa de Marcelo Miranda informou que ainda não teve acesso aos autos e à decisão e que não há razão para um decreto prisional, já que os fatos investigados são passados.
A investigação tem como base diferentes operações, entre elas a Reis do Gado, Marcapasso, Pontes de Papel, Convergência e a Lava Jato. Em outubro de 2018, Marcelo, seu pai, José Edmar Miranda, e seu irmão, José Edmar Miranda Júnior, se tornaram réus no âmbito da Reis do Gado, que apurou um suposto esquema de lavagem de dinheiro em contratos de gaveta no valor de 200 milhões de reais, referentes à compra de fazendas e bois.
A Polícia Federal indicou que um núcleo familiar de três pessoas influentes no meio político do Tocantins esteve no centro das investigações, “com poderes suficientes para aparelhar o Estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa”.
A corporação também indica que os crimes praticados pelo grupo estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros. Em um outro desdobramento da Reis do Gado, a PF desarticulou um grupo que lavava dinheiro utilizando “laranjas” para registro de bens móveis e imóveis. O objetivo é aprofundar as investigações e a operação tem como foco o escalão intermediário da organização criminosa.
Miranda, que foi eleito três vezes, também tornou-se o primeiro governador brasileiro a ser cassado duas vezes do cargo. Na última cassação, em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral considerou a chapa vitoriosa em 2014 culpada das acusações de abuso de poder político e econômico e arrecadação e gastos ilícitos durante a campanha.
O Ministério Público alegou que as irregularidades ficaram demonstradas com a apreensão de 500 mil reais em uma mochila e material publicitário em um avião e pela simulação de contratos para justificar movimentação de recursos.
A primeira cassação aconteceu em 2009, quando o TSE concluiu que houve irregularidades na campanha pela reeleição, em 2006, incluindo a doação de mais de 4 mil lotes e 80 mil óculos para eleitores e nomeações para cargos públicos. Por essa razão, não pôde assumir o cargo de senador para o qual foi eleito em 2010.