Alagoas registrou um aumento de 13% nos casos de óbitos causados pela Covid-19 na 12ª Semana Epidemiológica de 2021, isto é, entre os dias 20 e 28 deste mês. Em números gerais foram registradas 151 mortes, chegando muito próximo do pior momento da pandemia em Alagoas durante a chamada "primeira onda", quando foram notificados 158 óbitos na 23ª SE de 2020.
O dado é um recorte do mais recente relatório do Observatório Alagoano de Políticas de Enfrentamento à Covid-19, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), enviado ao TNH1, nesta segunda-feira (29).
Segundo o Observatório, a taxa de ocupação hospitalar no estado também segue preocupante.
"Apesar de ter sido constatada uma diminuição do ritmo de ocupação, os leitos de UTI ainda registram taxa de ocupação próxima de 90%, sendo dramática a situação da 2ª macrorregião de saúde do estado, já que Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios têm ocupação máxima, enquanto Arapiraca só possuía ontem à noite dois leitos de UTI disponíveis, que figura uma ocupação de 97%", explicou o coordenador do Observatório, Gabriel Bádue.
De acordo com Bádue, os resultados das medidas de restrições adotadas pelo governo devem começar a ser vistos nesta semana, visto que é preciso um período mínimo de 14 dias.
"Por outro lado, considerando que o Sertão iniciou antes, junto com Arapiraca, a situação é preocupante já que a região continua apresentando sinais de descontrole, com aumento de casos e óbitos", pontuou.
Para o Observatório, é fundamental a manutenção das restrições para frear o descontrole da pandemia no estado. "Não há qualquer evidência de que possamos afrouxar agora. Pelo contrário, considerando o recomendado na literatura científica, o ideal seria apertar mais", frisou Bádue sobre o atual decreto da fase vermelha.
Redução de novos casos
Na 12ª SE, Alagoas registrou uma redução de 30% na incidência de novos casos, movimento que foi observado em quase todas as regiões do estado. A 10ª Região de Saúde (RS), que engloba os municípios do Alto Sertão, está entre as exceções. Segundo o Observatório, a 10ª região é a de maior incidência em relação à sua população, sendo 81 casos para cada 100 mil habitantes. A região é a única que apresentou, simultaneamente, tendência de crescimento de casos e óbitos ao longo da última semana.
"Situação é extremamente crítica", diz Ufal
O Observatório informa ainda que, apesar do sinal de melhora apontado pela queda na incidência de casos e do número de casos suspeitos, o atual cenário epidemiológico em Alagoas ainda é extremamente crítico, com riscos reais de saturamento da rede de saúde, a exemplo do que tem sido visto em outros estados.
"Entendemos que o cumprimento das medidas de controle previstas no decreto estadual em vigência é fundamental para a reversão da atual situação. Segundo Boletim do Observatório da Fiocruz, uma redução significativa da circulação de pessoas por um período mínimo de quatorze dias, pode produzir uma redução da ordem de 40% da incidência de casos, que poderá contribuir com a redução na pressão do sistema de saúde . No entanto, caso as atuais medidas não sejam suficientes para conter o avanço da pandemia em Alagoas, causando o aumento de óbitos e pressionando ainda mais o sistema de saúde, acreditamos que o poder público adotará novas estratégias para evitar o colapso no estado. Para tanto, é imprescindível a participação de cada cidadão, seja no respeito das regras de isolamento ou no uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento quando estiver em locais públicos", trouxe o relatório.
Testagem
Ao contrário do observado nos últimos relatórios semanais do Observatório, houve redução no número de casos em investigação laboral e aumento na testagem no Lacen. "Apesar de ainda alto, os 10.031 casos registrados no último informe epidemiológico, nesse domingo (28), representam uma redução de aproximadamente 35%, em comparação com o número registrado no último dia 20.Isso resultou em aumento superior a 150% no número de testes RT-PCR processados pelo Lacen em relação às primeiras semanas de 2021. Com relação à 12ª SE, dos 4.117 exames realizados, 1.782 testaram positivo para o novo coronavírus, o que corresponde a 43%, resultado praticamente igual ao obtido na semana anterior", trouxe o relatório.