Com praias, shoppings, bares, restaurantes, lojas do comércio tradicional e outros estabelecimentos fechados, o temor é a redução de 18 e 16 voos diários para dois voos/dia, como ocorreu na fase vermelha passada. “Sem atrativos, o que os turistas vêm fazer em Alagoas?”, questionam empresários, como André Santos, presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira- Abih/AL.
A hotelaria, bares, restaurantes e fornecedores de serviços operam no vermelho. Em janeiro as empresas ainda sentiam os reflexos da primeira onda da pandemia. Os hotéis registraram a média de 66% de ocupação. Os outros setores seguiram o mesmo percentual.
Sem movimento, os estabelecimentos reduzem a folha salarial. “Turismo não é só bares e restaurantes. É uma cadeia complexa de setores interligados”, disse André Santos. Quando o estado manda reduzir a ocupação de leitos, de clientes e de negócios, os efeitos são negativos, afirmam os proprietários de bares e restaurantes ao destacarem que, “os setores entendem a dificuldade do governo, dos hospitais e eles têm que nos olhar, também. Precisamos construir soluções compatíveis, juntos”.
Negociação
Os empresários iniciaram conversas com os governos estadual e municipais. O relacionamento entre eles permanece aberto. O secretário de estado da Fazenda, George Santoro discute com os empresários na tentativa de apresentar soluções para pagamentos de impostos, de taxas de água, esgoto, energia e manutenção do quadro de funcionários. O mesmo ocorre com as prefeituras. No ano passado, os hoteleiros demitiram 2,5 mil trabalhadores, na cadeia as demissões passaram de 10 mil. Nos hotéis classificados e associados havia 7,5 mil empregos formais [de carteira assinada] e quase o dobro sem carteira assinada. Entre os setores que sentiram a crise dos hotéis, bares e restaurantes estão os fornecedores, prestadores de serviços de manutenção de equipamentos, lavanderias, panificação, produtos de limpeza entre outros.
Dívidas
Os empresários do topo da cadeia do turismo, este mês, começaram a pagar os empréstimos que pegaram no ano passado para sobreviverem. Surpreendidos com o aumento de casos de contaminados, mortes e pelas medidas restritivas da fase vermelha, André santos, líder dos 82 associados da Abih/AL, avisou ao governador Renan Filho (MDB), que o setor chegou no limite, cobrou política tributária e cancelamento de impostos para evitar a quebradeira geral. No plano federal, foi concedida a carência de mais três meses para pagar os empréstimos do ano passado. A Abih/Al tem 88 associados, a maioria de Maceió. Ao todo, o estado conta 32 mil leitos e Maceió com quase 19 mil. Entre os associados, são 13.165 mil leitos na capital e 3.136 mil no interior. Durante a pandemia, três hotéis fecharam definitivamente no estado. Após o anúncio das novas restrições, já foram registrados 30% de cancelamentos ou transferência de reservas. A ocupação antes dos decretos estava em 71% entre os associados. Antes da pandemia, o estado contava com 25 voos/dia. No primeiro semestre do ano passado, caiu para dois voos/dia. Hoje, oscila entre 16 e 18 voos/dia que garantem 70% do movimento turístico. As medidas restritivas não fecharam a hotelaria. Os impactos, porém, são inevitáveis.
Coronavírus cancela turismo de negócios do primeiro semestre
Outro segmento que está em plena expansão é o turismo de negócios. Com o agravamento da contaminação e das mortes pela Covid-19, todos os contratos previstos para encontros, congressos, seminários e outros eventos de negócios foram suspensos. Anualmente, Alagoas reunia profissionais, cientistas e de empresários em encontros que movimentavam os segmentos produtivos. O Convention & Visitors Bureau – uma espécie de guarda-chuva, que reúne entidades e empresas de turismo, conseguiu remarcar parte dos contratos para o segundo semestre. De acordo com a superintendente do Convention & Visitors Bureau, Marcelle Novis, o turismo é o maior impulsionador da economia alagoana. Movimenta quase todos os segmentos produtivos. A hotelaria gera uma das maiores receitas tributárias para Maceió e outros municípios. Bares e Restaurante, para o estado. Revelou ainda que, o setor ainda não se recuperou dos prejuízos e as perspectivas de futuro são preocupantes. Os empresários encaminharam aos governos municipais, estadual e federal um documento solicitando políticas tributárias e socorro para manter os empregos. “A medida que o governo implanta medidas restritivas, os setores querem dividir a conta da recessão provocada pela pandemia”.
Com relação ao calendário do turismo de negócios, Danielle Novis revelou que, os eventos previstos para este primeiro semestre, foram remarcados para o segundo semestre, caso haja vacina e redução da contaminação. Um dos eventos previstos é o Congresso do Conselho de Enfermagem, que deve reunir mais de 6 mil pessoas, em Maceió, em setembro. Bares e Restaurantes Outro setor que fez altos investimentos para cumprir protocolos sanitários e medidas contra o coronavírus foi o de bares e restaurantes. O setor não gostou nada de ser surpreendido com as medidas adotadas pelo governador Renan Filho (MDB), que estabelece, entre outros pontos, a proibição de receber clientes presencialmente em seus estabelecimentos nos finais de semanas e restringe o funcionamento. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Alagoas (Abrasel/AL) confirma também a possível demissão em massa, com estimativas de até 50% do pessoal, caso Brasília não anuncie medidas que viabilizem cumprir a folha de pagamento e os governos estadual e municipais não adotem política tributária compatível com o momento.
Segundo o presidente da Abrasel, Thiago Falcão, o primeiro sentimento compartilhado pela entidade é de solidariedade com o cenário atual. Com relação ao futuro dos empregos, afirma que “esperamos a contrapartida do governo federal em relação ao pagamento de folha dos nossos funcionários. Existe um direcionamento de demissões para o setor poder suportar o impacto financeiro da crise”. A previsão de demissão está entre 20% até 50%, no pior cenário. Existem 400 bares e restaurantes filiados à Abrasel em Alagoas, que empregam mais de dez mil pessoas. Mas, o presidente reconhece que o número de filiados é pequeno, se comparado aos mais de 15 mil estabelecimentos presentes no estado.