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01/03/2021 às 19h33min - Atualizada em 01/03/2021 às 19h33min

Fevereiro é o 2º pior mês de toda a pandemia no Brasil

Antes restrito ao Amazonas, colapso na saúde e recorde de mortes agora atingem boa parte do país.

Por G1
Funcionário anda com roupas protetoras e um guarda-chuva em meio a túmulos. — Foto: Michael Dantas/AFP

O Brasil registrou, em fevereiro, 30.484 mortes pela Covid-19, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país. Mesmo com dias a menos e últimos dias durante um fim de semana – o que afeta os registros das mortes –, fevereiro teve o segundo número mais alto de mortes desde o início da pandemia, e o maior desde julho.

Fevereiro também foi o terceiro mês consecutivo em que as mortes de um mês superam as do mês anterior.
 

Três estados tiveram recordes de mortes: Minas Gerais e Rondônia, pelo segundo mês consecutivo, e Roraima, que ultrapassou os registros de mortes vistos em julho. O colapso no sistema de saúde, antes restrito ao Amazonas, agora atinge várias partes do país (veja detalhes mais abaixo).

 

As médias móveis diárias calculadas pelo consórcio de imprensa estão acima de mil mortes por dia há 39 dias. No dia 25, o Brasil registrou o recorde de mortes em 24h desde o início da pandemia: 1.582 pessoas morreram.

O dado referente às mortes de fevereiro foi calculado subtraindo-se as mortes totais até janeiro (224.534) do total de mortes até 28 de fevereiro (255.018). Os números dos meses anteriores foram determinados com a mesma metodologia.

'Voo cego' com variantes



O epidemiologista Airton Stein, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), explica que a pandemia da Covid, no mundo inteiro, é como uma montanha-russa.
 

"Essa pandemia no mundo todo se caracteriza como uma montanha-russa – no sentido científico. Num momento parece que a gente está chegando no final – no ano passado, com as vacinas, parecia que iríamos estar próximos de uma solução. E aí, logo a seguir, vieram as variantes", lembra.

"Certamente está tendo um vírus que é mais transmissível, o que faz parte da história evolutiva de todos os vírus, então isso também não é uma coisa nova. A gente sabe que o vírus tem mutação, mas não está controlando essas novas variantes. Não tem, em todo o país, um número adequado de vigilância genômica. A gente está fazendo um voo cego", afirma Stein.


"Os indicadores são muito claros. Quanto mais transmissível, maior risco de ter um maior número de casos graves – por isso que está aumentando tanto a ocupação de leitos de UTI. Essa pandemia pegou o Brasil de calças na mão, despreparado. Houve um desinvestimento na saúde pública, na ciência, muita desinformação – dificuldade de passar uma informação coesa para a população", avalia o professor da UFCSPA.

"É uma situação muito complexa, mas isso ficou mais exposto nos países onde tem falta de estrutura de bem-estar social – não apenas sistema de saúde, mas de apoio para aquelas populações vulneráveis e, principalmente, com um número muito grande de vulneráveis. Tanto que a gente está vendo que a epidemia causou um dano muito grande em países ricos como os EUA, onde tem muita iniquidade. A epidemia deixou mais em evidência essa interação social com a saúde. As pessoas estão mais expostas a circularem por terem trabalhos em que precisam circular e, também, por não terem acesso a serviços de saúde adequados. Esse é o cenário geral", afirma Airton Stein.

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