DDD 82 Publicidade 728x90
21/09/2020 às 10h48min - Atualizada em 21/09/2020 às 10h48min

SAÚDE Vacinação de crianças despenca na pandemia e volta às aulas preocupa

Foi por medo da pandemia do novo coronavírus que a doula Yasmin de Nizo, 27, preferiu não levar a filha, Amora, para ser vacinada este ano. "Ela não tomou a vacina tríplice porque estava em falta em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo). Quando disponibilizaram, começou a pandemia e eu não a levei por medo de contaminação", diz.

"Mas agora que a pandemia não acaba nunca, estou revendo minha decisão", diz Yasmin, que teme a volta às aulas e a possibilidade de a filha adoecer na creche, onde iniciava adaptação. "Vou levá-la ao posto para vacinar e não vou deixar que ela volte para a escola."

Assim como Yasmin, não foram poucas as mães e pais que tiveram receio de vacinar seus filhos nos últimos meses, afirma a pediatra Flávia Bravo, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações). Embora o governo tenha criado um protocolo de vacinação, com fluxo separado do atendimento de covid-19, faltou esforço para esclarecer a população sobre ele, diz. "O governo precisa reforçar a divulgação de suas campanhas no rádio e televisão, onde mais gente toma conhecimento."

O índice de vacinação de crianças no Brasil, que já vinha registrando queda nos últimos anos, despencou em 2020 durante a pandemia, revelam dados do PNI (Programa Nacional de Imunizações). Embora a meta anual brasileira seja vacinar entre 90% e 95% das crianças com até um ano de vida, esse índice não passou de 61% entre janeiro e julho deste ano.

Em 2015, a média de cobertura das nove principais vacinas indicadas a essa faixa de idade esteve acima da meta: 95,8%. Nos anos seguintes, esse percentual começou a cair. Ficou em 86%, em 2016, e 87% em 2017. Em 2018, subiu para 90%, mas no ano passado a média não passou de 83%.

"A reabertura [econômica] vai chegar e a criança não vacinada retornará às ruas em meio a um surto de sarampo. E quando todo mundo voltar à escola, o que vai acontecer?", disse Flávia Bravo, da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Vacinação em 2020

 

No ano passado, apenas uma vacina atingiu a meta: a tríplice viral D1, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a cobertura da pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria haemophilus influenza tipo b) foi a que mais caiu: chegava a 96,3% das crianças em 2015, mas fechou 2019 em 69,6%.

Em 2020, nem uma das nove vacinas analisadas se aproximou da meta. A cobertura mais crítica é da Hepatite B: despencou de 90%, em 2015, para 51% este ano. Segundo o Ministério da Saúde, os dados de coberturas vacinais de 2019 e 2020 "são preliminares", e só estarão consolidados em 2021.

Em julho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia alertado que a pandemia afetou a vacinação em pelo menos 68 países, colocando em risco 80 milhões de bebês. A entidade citou Brasil, Venezuela, Bolívia e Haiti como exemplos de países na América Latina em que a imunização vem caindo nos últimos anos.

Quando a vacinação está abaixo da meta, cresce o risco de retorno de doenças já erradicadas, como aconteceu ao sarampo em 2018, quando cerca de 10 mil casos foram registrados no país. Até o final de agosto de 2020, o país tinha 7.800 casos confirmados da doença.





fonte:tnh1.com.br


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp