De acordo com o observatório do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até o último sábado (18), Alagoas tinha 40 enfermeiros em isolamento domiciliar com suspeita de coronavírus (Covid-19). Segundo a entidade, os dados foram encaminhados pelos enfermeiros responsáveis técnicos e coordenadores das unidades de saúde. O Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren/AL), acredita que pode haver alguma subnotificação.
Nesta quarta-feira (22), a reportagem entrou em contato com o Coren/AL para saber se os dados já haviam sido atualizados. No entanto a assessoria de comunicação disse que até o momento não, mas afirma que a entidade está realizando averiguações nas unidades de saúde para verificar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dos profissionais de saúde para saber se estão trabalhando com as condições ideias seguindo as recomendações dos órgãos de saúde.
A reportagem da Tribuna Independente também entrou em contato com outros conselhos e sindicatos que representam várias categorias de profissionais da saúde. Até o momento, nenhum deles têm dados oficiais, mas afirmam que existem muitos profissionais sendo monitorados.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, disse que o conselho preserva o sigilo médico, mas que era previsto acontecer casos entre os profissionais de linha de frente. “Quanto aos infectados era previsto acontecer. A falta de EPI’s pode ter contribuído para o aumento de número de casos’’.
Mário Jorge Filho, presidente do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem no Estado de Alagoas (Sateal), garante que a entidade está realizando averiguações. “Ainda estou em fiscalização nas unidades de saúde para levantar esses dados. Temos algumas dificuldades para obter – as unidades privadas, por exemplo, não passam. Os dados que temos é justamente o que nossos colegas passam. Daí, averiguamos se foram afastados por conta da suspeita. Passei em algumas unidades e vamos intensificar a visita em outras de todo o estado’’.
Filho reforça o alerta para os profissionais de saúde. “Alertamos os profissionais sobre a necessidade de estar denunciando problemas do dia a dia nas unidades públicas e privadas encaminhando fotos, áudios e vídeos mostrando a falta do fornecimento dos EPIs nos locais de trabalho ao Sindicato, Coren e Ministério Público do Trabalho [MPT]. Vale lembrar que aumentou a sobrecarga de trabalho”.
APREENSÃO
No Hospital Geral do Estado (HGE), os funcionários estão apreensivos com a possibilidade de serem infectados. Segundo uma servidora que não quis se identificar, houve um óbito na quinta-feira (16) de um rapaz de 24 anos. “Ele rodou desde quarta por atendimento entre UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e HGE. Estava relatando muita dor. Rodou na área azul, na amarela clínica e no trauma. Se agarrando nos profissionais. O médico da vermelha clínica mandou para o trauma dizendo que não era clínico. Quando chegou no trauma, fez uma tomografia e foi constatado comprometimento nos pulmões. Ele morreu, certeza contaminou mais de três grupos de profissionais do hospital porque essa semana confirmaram que foi coronavírus”.
O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Alagoas (Sineal) também está acompanhando a situação dos profissionais de linha de frente. Em razão do alto número de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) diagnosticados com Covid-19, a entidade realizou no último dia 15 uma visita à sede do Samu com o propósito de fiscalizar a estrutura e dialogar sobre medidas preventivas para os profissionais.
Não se sabe ao certo quantos profissionais estão com a doença ou suspeita, mas o boato entre os funcionários é em média 10. A presidente do Sineal, Renilda Barreto, e a diretora Cinthia Carvalho fizeram a visita e foram recebidas por enfermeiras do Samu.
“Resolvemos fazer uma visita e fazer algumas observações junto à equipe com o objetivo de minimizar os riscos de contágio da doença. Após a avaliação, foi apontado algumas falhas na estrutura física, que é imprópria para o tipo de serviço desenvolvido. A principal observação é que a aeração é inadequada e o ambiente de repouso é precário, uma vez que as camas estão muito próximas e não há circulação de ar adequada no ambiente’’.
Além disso, elas apontaram que os corredores são estreitos, os armários de guarda de materiais pessoais ficam em local inadequado por falta de espaço, dificultando o trânsito no local. “Nossa sugestão é analisar a possibilidade do funcionamento em outro local ou que, pelo menos, o local de repouso seja revisto”, ressalta a presidente que apesar da estrutura insatisfatória, parabeniza os profissionais e direção do Samu pela responsabilidade com a transparência sobre o número de casos e, além disso, por estarem comprometidos em afastar os profissionais com casos suspeitos, que só retornam ao trabalho após o resultado final do exame e sem apresentar nenhuma sintomatologia.
MORTE
A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social e Trabalho no Estado de Alagoas (Sindprev/AL) lamentou no domingo (19) a morte de Maria da Conceição, funcionária do Samu de Maceió que faleceu no sábado (18) em decorrência da contaminação pelo coronavírus (Covid-19). Ao mesmo tempo que lamentou a morte, o Sindprev/AL chamou a atenção para a necessidade de condições mínimas de trabalho para os servidores que arriscam suas vidas todos os dias e ainda mais agora diante da pandemia mundial.
fonte/tribunahoje.com