Filha do rei do Congo, Aqualtune foi uma princesa-guerreira antes de ser escravizada no Brasil, de acordo com Brincando e Ouvindo Histórias, material voltado para docentes elaborado pelo Neinb (Núcleo de Apoio à Pesquisas em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro), da USP.
Historiadores afirmam que durante os confrontos, Aqualtune liderou 10 mil pessoas durante uma invasão contra seu reino. Entretanto, a resistência não foi capaz de frear os angolanos e os interesses portugueses. Ao fim da guerra, seu pai foi decapitado e ela foi capturada por forças portuguesas. Foi vendida à senhores de escravos brasileiros junto de seus compatriotas.
No final do século 16, a princesa liderou cerca de 10 mil congoleses, entre homens e mulheres, após invasão de sua nação no episódio que ficou conhecido como a Batalha de Mbwila. Ela foi derrotada, capturada e levada posteriormente para o mercado de escravos, onde foi embarcada em um navio negreiro que fez a travessia até o Brasil.
Aqualtune chegou ao Recife, Pernambuco, em 1597. Naquele mesmo ano, um grupo de 40 negros fugidos formaram na Serra da Barriga o que viria ser o Quilombo dos Palmares. Por ser forte e saudável, a princesa-guerreira foi vendida no Brasil como reprodutora, sendo levada, já grávida, para a região de Porto Calvo, em Alagoas.
Lá, Aqualtune ouviu falar sobre o local que reunia africanos livres. Ela estava no sexto mês de gestação quando organizou um fuga que acabou juntando mais escravizados pelo caminho, alcançado por fim o quilombo.
De acordo com a autora Sandra do Nascimento, doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, Aqualtune ganhou o comando do território tanto porque tinha ascendência nobre quanto pelo fato de ter conhecimentos políticos, organizacionais e de estratégia de guerra.
Sob o comando de Aqualtune, o Quilombo dos Palmares se consolidou. Lá, ela deu à luz a dois filhos também guerreiros e reverenciados na História: Ganga Zumba e Ganga Zona. Ela também teve uma filha, Sabina, mãe de Zumbi – que entraria para a história como Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros do passado brasileiro.
Em 21 de setembro de 1677, a região em que Aqualtune vivia foi atacada, data em que registros históricos sobre a matriarca deixaram de aparecer. Nessa época, ela já estava idosa. Não se sabe o que ocorreu no final da vida de Aqualtune, bem como a data e a causa de sua morte.
Pouco lembrada pelos livros e pelas escolas do Brasil, Aqualtune foi uma figura importante para a resistência afro-brasileira no período colonial. Simbolizou liderança e luta diante do sistema escravocrata e fez questão de passar isso adiante, seja através de seus filhos ou de seus seguidores em Palmares.
O Auditório no Palácio República dos Palmares leva o nome dessa grande guerreira:Aqualtune.