O livro Revisão Criminal do Processo Delmiro Gouveia, que reúne documentos, publicações, fotos e relatos de um dos maiores erros cometidos pelo judiciário brasileiro, foi lançado em agosto desse ano, no Instituto Histórico e Geográfico.
Cinquenta anos após a publicação da entrevista, que mudou a história do principal acusado no assassinato de Delmiro Gouveia, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos publicou a obra organizada pelos pesquisadores Antonio Aleixo Paes de Albuquerque e Moacir Medeiros de Sant’Ana. Os autores foram advogados do principal acusado pelo assassinato do industrial Delmiro Gouveia, Róseo Moraes do Nascimento, que afirmou ter confessado o crime, na época, após passar por torturas.
A reviravolta foi descoberta em 1968, pelo jornalista, recém-formado em direito, o desembargador aposentado, Antonio Sapucaia da Silva, autor da primeira entrevista com Róseo Moraes, publicada na Gazeta de Alagoas, Jornal do Comércio, em Recife, e pela revista Cruzeiro.
Após a publicação, Sapucaia foi constituído advogado de defesa, junto com Antonio Aleixo Paz de Albuquerque, mas deixou o caso em 1971, quando a advocacia se tornou incompatível com o posto de juiz que assumiu naquele ano, no entanto, nunca deixou de acompanhar o caso.
Segundo Antonio Sapucaia, o livro tratava de um resgata do processo que foi instaurado para comprovar a inocência de dois réus que já haviam falecido, mas que foram apontados como responsáveis pelo assassinato de Delmiro de Gouveia. A obra acompanha a revisão da condenação de Róseo Morais do Nascimento, que resultou na absolvição, por unanimidade, pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.
“Os dois maiores erros do judiciário do Brasil foi o dos irmãos Naves, em Minas Gerais, e, em Alagoas, o de Delmiro Gouveia. Os dois foram muito torturados, e obrigados a confessar um crime que não cometeram. Depois o Tribunal realmente, post mortem evidentemente, comprovou que não cometeram o assassinato.
O livro apresenta os verdadeiros autores intelectuais e materiais do crime”, relatou Antonio Sapucaia.
A publicação desperta interesse de historiadores, estudantes de direito e curiosos do jornalismo alagoano. Documentos e arquivos que deram origem ao material estiveram guardados com a esposa de Antonio Aleixo, por anos, afinal os advogados autores já tinham a intenção de publicar a obra, sonho este, que por fim foi realizado.