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09/11/2019 às 11h26min - Atualizada em 09/11/2019 às 11h26min

Relatório do cárcere

Por Lucas Bonfim


Talvez a palavra cárcere não seja a que melhor comunique aqui. Vamos então usar sinônimos: cadeia, prisão, cana! Aos 20 anos de idade, eu fazia meu primeiro Tribunal do Júri ainda na condição de estagiário. De lá pra cá, perdi as contas de quantas vezes já defendi ou acusei no plenário. Mas existe uma percepção da advocacia criminal que não é tão compreensível.
 
E é justamente a questão da cadeia. Vi homens arrogantes serem domados pelo cárcere, e após um ou dois anos de prisão se tornarem os mais dóceis. Vi homens gordos definharem em questão de meses como se fossem submetidos à severa cirurgia bariátrica em virtude do impacto psicológico da masmorra.  

O cárcere, via de regra, é um divisor de águas na vida do réu. Essa dinâmica não se aplica ao criminoso contumaz que é habituado a entrar e sair do sistema prisional. Para esse tipo de gente, a cadeia já não molda nada, tampouco reabilita.

Contudo, para pessoas de fôlego financeiro que vivem na comodidade do dinheiro a dinâmica é outra. Quanto maior o poder aquisitivo e mais confortável a vida do réu, maior é o impacto da cadeia no aspecto emocional. É como se o mundo fosse, a um só tempo, aniquilado.  

A título meramente ilustrativo, vamos citar dois nomes e situações como exemplo que são públicas: ex-ministro Geddel Vieira e ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Ambos tinham sobrepeso e um ar senhorio absoluto nas falas e manifestações públicas. Após pouco mais de dois anos presos, o semblante deles é assombrosamente outro. Sem perspectiva, ambos estão com o emocional estraçalhado.

Há aqueles que preferem evitar a prisão até onde der, fugir para outro país e viver uma vida anônima como, por exemplo, fizeram Salvatore Cacciola e Arthur Soares Filho, mais conhecido como rei Arthur. Cacciola foi preso em 2013, ao passo que rei Arthur vive nos Estados Unidos com medo até da buzina dos carros que passam ao seu lado.

O único dos que viviam na mordomia que só o dinheiro e bons relacionamentos dão e que foi preso, desmoralizado, estigmatizado de todas as formas, mas não se deixou abater emocionalmente foi o ex-presidente Lula. É um caso icônico que precisa ser estudado até clinicamente. O homem é sólido como o amálgama de uma pirâmide egípcia. Gostando ou não do Lula, precisamos admirar sua higidez psicológica.

Porque qualquer outro em seu lugar, que tivesse as mesmas oportunidades, teria fugido para outro país. Qualquer outro no seu lugar já teria enlouquecido, tentado o suicídio e caído em desgraça. Mas não o Lula! Ele resiste firme na altura dos seus 74 anos de idade após perder a esposa de tanta pressão que recebeu do sistema e ser trajado como demônio pela grande mídia.    
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